Belos filmes vistos e revistos ao longo de 2015 realizados até 2012.
Carmen (Cecil B De Mille, 1915)
The River (Frank Borzage, 1929)
Man to Man (Allan Dwan, 1930)
The Champ (King Vidor, 1931)
Platinum Blonde (Frank Capra, 1931)
Belos filmes vistos e revistos ao longo de 2015 realizados até 2012.
Carmen (Cecil B De Mille, 1915)
The River (Frank Borzage, 1929)
Man to Man (Allan Dwan, 1930)
The Champ (King Vidor, 1931)
Platinum Blonde (Frank Capra, 1931)
Nightwalk, de Scott Barley
Como sempre o critério da lista são filmes vistos pela primeira vez por mim este ano realizado nos últimos três anos.
Primeiro um destaque especial para três curtas essenciais: Gradiva (Leos Carax), Nightwalk (Scott Barley) e A Propos de Venice (Jean-Marie Straub)
Menções honrosas: (100-76): 22 Jump Street (Phil Lord, Chris Miller), Aberdeen (Pang Ho-Cheung), All the Light in the Sky (Joe Swanberg), Annie (Will Gluck), Bad Grandpa (Jeff Tremaine), Branco Sai, Preto Fica (Adirley Queirós), Canções do Norte (Soon-Mi Yoo), Com os Punhos Cerrados (Pedro Diogénes, Luiz & Ricardo Pretti), O Congresso Futurista (Ari Folman), Dom Hemingway (Richard Shepard), A Família de Elizabeth Teixeira (Eduardo Coutinho). Go For Sisters (John Sayles), I Used to Be Darker (Matthew Potterfield), L for Leisure (Lev Kalman, Whitney Horn), O Lobo de Wall Street (Martin Scorsese), O Menino e o Mundo (Alê Abreu),Nebraska (Alexander Payne), Need For Speed (Scott Waugh), Non-Fiction Diary (Jung Yoon-suk), Obvious Child (Gillian Robespierre), Permanência (Leonardo Lacca), R100 (Hitoshi Matsumoto), Les Rencontres D’Apres Minuit (Yann Gonzalez), Vidas ao Vento (Hayao Miyazaki), The White Storm (Benny Chan). Continuar lendo
Kommunisten, de Jean-Marie Straub
Assim como fiz ano passado, alguns títulos que seguem sem exibição por aqui após o período de festivais. Entre o Olhar de Cinema, Fronteira e o Indie o cenário melhorou bastante por aqui com muitos títulos relevantes como o Hard to be a Good do German ou o Seventh Code do Kurosawa encontrando seu espaço apesar da nossa mídia e cinefilia ainda ser muito presa a dicotomia Festival do Rio/Mostra SP (vale acrescentar ai neste cenário alguns outros eventos como Panorama em Salvador e a Janela do Recife).
Aberdeen (Pang Ho-Cheung)
Actress (Robert Greene)
The Airstrip (Heinz Emigholz)
All the Light in the Sky (Joe Swanberg)
Amour Fou (Jessica Hausner)
Belluscone, una Storia Siciliana (Franco Maresco)
La Chambre Bleue (Mattieu Amalric)
Cymbeline (Michael Almereyda)
Da Sweet Blood of Jesus (Spike Lee)
Daughters (Maria Speth)
Don’t Go Breaking My Heart 2 (Johnnie To)
Faux Accords (Paul Vechialli)
Favula (Raul Perrone)
The Golden Era (Ann Hui)
Le Grand Homme (Sarah Leonor)
Hill of Freedom (Hong Song-soo)
Hold Your Breath Like a Lover (Kohei Igarashi)
Kommunisten (Jean-Marie Straub)
The Look of Silence (Josua Oppenheimer)
A Mãe e o Mar (Gonçalo Tocha)
The Men Who Save the World (Liew Seng Tat)
Mange Tes Morts (Jean-Charles Hue)
The Midnight After (Fruit Chan)
Natural History (James Benning)
O Novo Testamento de Jesus Cristo Segundo João (Joaquim Pinto e Nuno Leonel)
Pas Son Genre (Lucas Belvaux)
Pasolini (Abel Ferrara)
Phantom Power (Pierre Leon)
Phoenix (Christian Petzold)
Revivre (Im Kwon Taek)
She’s Funny That Way (Peter Bogdanovich)
Sosialismi (Peter Von Bagh)
Superegos (Benjamin Heisenberg)
The Tale of Princess Kaguya (Isao Takahata)
La Vie Sauvage (Cedric Kahn)
Arquivado em Listas
Como sempre o critério da lista é de filmes vistos pela primeira vez este ano que foram lançados originalmente no máximo em 2011.
Menções honrosas: Antes da Meia Noite (Richard Linklater), Bullet to the Head (Walter Hill), Cortinas Fechadas (Jafar Panahi), Deixe a Luz Acesa (Ira Sachs), Depois da Terra (M. Night Shyamalan), Double Play (Gabe Klinger), Easy Rider (James Benning), A Era Atômica (Helena Klotz), A Gente (Aly Muritiba), Gerhard Richter – Painting (Corinna Belz), Lincoln (Steven Spielberg), Mataram Meu Irmão (Cristiano Burlan), Meia Sombra (Nicolas Wackenbarth), Mouton (Gilles Deroo, Marianne Pistone), Mud (Jeff Nichols), Noite em Claro (Kun-jae Jang), O Mestre (Paul Thomas Anderson), Perret na França e Algeria (Heinz Emigholz), Real (Kiyoshi Kurosawa), Riocorrente (Paulo Sacramento), Rua Aperana 52 (Julio Bressane), Sacro GRA (Gianfranco Rosi), Shield of Straw (Takeshi Miike), Tudo Sobre Você (Alina Marazzi), White House Down (Roland Emmerich).
Uma última nota: caso o corte chinês de O Grande Mestre fosse à única versão existente do filme, ele provavelmente estaria na lista, mas o corte internacional tem tantos problemas e me passa a impressão que Wong subestima de tal modo à capacidade dos seus fãs ocidentais de lidar com um painel histórico chinês que eu me sinto por demais ambivalente para com o projeto como um todo para recomenda-lo aqui.
49) Avanti Popolo (Michael Warhman) e A Cidade é uma Só? (Adirley Queiroz)
Dois belos filmes que lidam cada um a sua maneira com a questão de como encontrar uma representação viável para a herança do governo militar hoje. São dois filmes bastante inventivos que quebram com a passividade com o qual o cinema brasileiro costuma abordar o assunto e procuram novas formas de agir sobre ele. Avanti Popolo tem uma permanência de memória muito particular (apesar de eu ter uma dúvida se o efeito dela ser reforçado por eu conhecer ambos os atores centrais).A sequência próxima ao fim de A Cidade é uma Só? na qual o protagonista cruza a pé com a carreata da Dilma segue a mais memorável sequencia política do cinema brasileiro recente.
48) Unbeatable (Dante Lam)
Provavelmente o filme mais convencional da lista, qualquer descrição do filme de MMA de Dante Lam não fara com que ele soe diferente de dezenas de outros filmes de luta, mas é um exemplar dos mais bem-acabados do domínio de Lam do seu desejo de reduzir o filme de ação a melodrama masculino com uma nudez emocional que este tipo de material raramente alcança e Nick Cheung tem uma das melhores atuações do ano.
47) Lesson of the Evil (Takeshi Miike)
Um dos filmes mais controlados de Miike e como frequentemente acontece no seu cinema, quando ele corta os excessos é para reforçar a sua crueldade. Um dos grandes filmes de horror recentes e se torna ainda melhor na segunda metade quando vira um slasher sobre um professor psicopata fuzilando uma série interminável de alunos. Um amigo descreveu como Elefante repensado pelo Eli Roth, mas isto exclui tanto o cuidado com o qual Miike filma o massacre como a forma com ele pensa cada elemento de cena (a propensão do gênero em retirar prazer na morte de adolescentes irritantes raramente postas para tom bom uso, por exemplo).
46) Django Livre (Quentin Tarantino)
Não tenho muito a acrescentar ao texto que escrevi na Cinética no começo do ano. Segue um filme dos mais complicados, e fascinante muito por conto disso. É mais desequilibrado do que a maioria dos filmes do Tarantino, mas nos seus acertos e erros termina mais distante do academicismo pop que por vezes ele flerta com.
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Alguns favoritos vistos este ano:
A Modern Musketeer (Allan Dwan, 1917)
Manhandled (Allan Dwan, 1925)
Lucky Star (Frank Borzage, 1929)
Hell’s Heroes (William Wyler, 1930)
Blessed Event (Roy Del Ruth, 1932) Continuar lendo
Arquivado em Listas
Tirez la Langue, Mademoiselle, de Axelle Ropert
Desde que a Mostra instituiu a exclusividade em 2011, ouço muitas reclamações de que a programação daqui piorou por conta dos filmes que só foram ao Rio, e quando isto acontece sempre gosto de apontar que os nossos festivais (e incluo ai o Indie que a cada ano compete mais na seleção de filmes relevantes) não conseguem dar conta da produção do ano e é um erro assumir que só por passar duas semanas no Rio e outras duas em São Paulo se pode sair com um painel completo da produção recente. Então no espírito dos artigos que o Eduardo Valente costuma escrever na Contracampo listo aqui trinta filmes novos e duas restaurações que começaram a circular desde Novembro do ano passado e seguem inéditos nos cinemas brasileiros. Como critério os filmes tem menos de um ano, mais de 30 minutos (o que excluiu muita coisa de experimental) e não estarem programados para chegar aos nossos cinemas em breve.
Une Autre Vie… (Emmanuel Mouret)
Bnsf (James Benning)
Consequence (Thomas Heise)
Un Conte de Michel de Montaigne (Jean-Marie Straub)
Costa de Morte (Lois Patino)
Drug War (Johnnie To)
A Field in England (Ben Wheatley)
How to Disappear Completely (Raya Martin)
Ip Man the Final Fight (Herman Yau)
La Jalousie (Philippe Garrel)
Marfa Girl (Larry Clark)
Journey to West (Stephen Chow)
Los Angeles Red Squad (Travis Wilkerson)
Out-Takes from the Life of a Happy Man (Jonas Mekas)
P3ND3J05 (Raul Perrone)
Pays Barbare (Yervant Ginikian, Angela Ricci-Luchi)
Se Eu Fosse Ladrão… Roubava (Paulo Rocha)
A Spell to Ward off the Darkness (Ben Russel, Ben Rivers)
Stemple Pass (James Benning)
R100 (Hitoshi Matsumoto)
Three Landscapes (Peter Hutton)
Three Intrepetation Exercises (Cristi Puiu)
Tirez la langue, mademoiselle (Axelle Ropert)
Tonerre (Guillaume Brac)
Tricked (Paul Verhoeven)
Tutto Parla de Ti (Alina Marazzi)
La Ultima Pelicula (Raya Martin, Mark Peranson)
The Unity of All Things (Alexander Carver, Daniel Schimdt)
Young Detective Dee (Tsui Hark)
Yumen (JP Sniadecki)
+
San Diego Surf (Andy Warhol, Paul Morrissey)
Sorcerer (William Friedkin)
Arquivado em Listas, Observações, Programação
Comrades, Almost a Love Story, de Peter Chan
Prometi esta lista ano passado quando o pessoal do LoveHKFilm fez a deles, demorou mas finalmente consegui chegar numa relação de cem filmes (e especialmente escrever sobre todos eles). Como gosto sempre de lembrar nestes casos esta é uma lista de favoritos e não de melhores, sem nenhuma pretensão a autoridade e colocando a satisfação pessoal acima de importância histórica. O recorte é inevitável dos filmes que eu vi, o que explica o baixo número de filmes anteriores a 1970 no qual tem muitas pendencias. Devo dizer que a lista é menos plural do que outras do gênero que eu fiz já que um dos contrapontos de se ter uma industria muito tolerante com diversidade é que não se tem espaços mais genuinamente alternativos (logo nada de documentário ou filmes não-narrativos). Uma última questão importante é de que nem sempre é fácil determinar a nacionalidade dos filmes das três Chinas e eu tentei me concentrar em filmes rodados em ou financiados por Hong Kong, o que atrapalhou sobretudo King Hu que é muito associado ao cinema local, mas fez a maior parte dos seus filmes em Taiwan.
Abaixo a lista:
Tennessee’s Partner
A Lumière publicou ontem um grande dossiê sobre a obra de Allan Dwan. É certamente uma das melhores publicações de cinema do ano.
Ontem quando divulguei nas redes sociais o dossiê mais de um amigo pediu dicas sobre o que ver do cineasta, como Dwan esteve ativo regularmente de 1911 a 1961, e com vários períodos destaque dependendo do gosto do critico é bem difícil se guiar por ela (eu vi mais de 50 filmes dele e ainda assim tenho várias lacunas especialmente no período mudo), então resolvi montar uma lista pessoal de recomendações. Tenham em mente que os filmes de Dwan são bem acima da média então a não presença de um filme na lista abaixo não significa que ele seja fraco (só tem dois filmes de Dwan que eu vi e não curto The Gorilla e Northwest Outpost). Montei três listas para ajudar como guia, mas todos eles valem muito a pena.
A Liga dos Blogues vai fazer uma lista dos melhores da década passada e pediu minha colaboração. Como curto a pratica de organizar listas, especialmente porque me faz pensar e sistematizar os meus favoritos de alguma forma (e também porque se tenho somente uma curiosidade histórica por listas coletivas, adoro explorar listas individuais), gastei mais tempo do que habitual nesta muito porque o período coberto nela é o da minha primeira década como crítico.
Duas coisas me saltaram aos olhos depois do exercício. Primeiro é que a despeito do chorume habitual sobre a pobreza do cinema contemporâneo a quantidade de filmes que deixei de fora mesmo com duas listas de apoio foi enorme. A outra é como a lista se concentrou entre 2000 e 2003, nenhuma ideia se é reflexo de um momento especialmente rico na produção ou simplesmente efeito pessoal de coincidir com o momento em que me mudei para São Paulo e passei a ter acesso mais fácil a um numero maior de filmes.
Como sempre a edição de janeiro da Film Comment vem acompanhada de listas de melhores do ano de muita gente boa. Separei algumas:
Thom Andersen
Attenberg (Athina Raqchel Tsangari)
O Cavalo de Turim (Bela Tarr)
Era uma Vez na Anatolia (Nuri Bilge Ceylan)
The Forgotten Space (Allan Sekula e Noel Burch)
O Garoto da Bicicleta (Jean-Pierre e Luc Dardenne)
Gerard Richter Painting (Corinna Belz)
Isto Não é um Filme (Jafar Panahi)
Jean Gentil (Israel Cardenas e Laura Amelia Guzman)
Robinson in Ruins (Patrick Keiller)
Tabu (Miguel Gomes)
Anton Dolin
1)O Mestre (Paul Thomas Anderson)
2)Eternal Homecoming (Kira Muratova)
3)Holy Motors (Leos Carax)
4)Prometheus (Ridley Scott)
5)Gebo e a Sombra (Manoel de Oliveira)
6)Amor (Michael Haneke)
7) Paradise:Faith (Ulrich Seidl)
8)Skyfall (Sam Mendes)
9)Mud (Jeff Nichols)
10)O Segredo da Cabana (Drew Godard)
Marco Grosoli
1) Vous n’avez encore rien vu (Alain Resnais)
2)To the Wonder (Terrence Mallick)
3)Florentina Hubaldo, TCE (Lav Diaz)
4)Holy Motors
5)Eternal Homecoming
6)Cosmopolis (David ronenberg)
7)A Bela que Dorme (Marco Bellocchio)
8)The Millenium Rapture (Koji Wakamatsu)
9)Tabu
10)J Edgar (Clint Eastwood)
Arquivado em Listas
Primeiro um pequeno adendo: esqueci de incluir nas menções honrosas Lomge do Afeganistão, filme organizado pelo John Gianvito cujo todo é mais forte do que suas partes irregulares e que inclui um episódio (Fragments of Dissolution do Travis Wilkerson) que estaria fácil bem perto do topo da lista se eu incluisse curtas.
25) O Verão de Giacomo (Alessandro Comodin)
O prazer com que Comodin filma este dia de verão e o sentimento de descoberta presente nele chegam a lembrar o Um Dia no Campo de Renoir e a ecos constantes tanto da segunda parte do Aquele querido Mês de Agosto, quanto do trabalho de alguns outros cineastas italianos recentes com gosto por se localizarem na fronteira entre ficção/documentário (Michelangelo Frammartino, Pietro Marcello). O que realmente torna o filme marcante porém é como a abordagem táctil imposta por Comodin consegue levar este aparente dia banal entre aquelas duas pessoas e revelar dali todo um sentimento de história pregressa repartida entre aqueles duas figuras, que é algo que se revela ainda mais forte quando da mudança de garotas no último rolo (a única intromissão realmente radical de Comodin sobre seu filme) que reestabelece a ação como um todo como parte da história daquele rapaz.
24) Nuit Blanche (Frederic Jardin)
Um dos filmes de ação mais excitantes da safra recente. Jardin parte da mais essenciais premissas (policial corrupta vai a uma boate devolver uma maleta com drogas) e encontra nela um sem numero de novas possibilidades (geográficas, emocionais, narrativas) que vão se acumulando enquanto mais e mais portas de entrada se abrem. A última meia hora é basicamente uma longa sequencia de ação sustentada que segue encontrada novas formas de elevar tensão. Alguns momentos muito criativos de ação (a uma sequencia que não ficaria deslocada num filme de Jackie Chan dos fim dos anos 80) e um trabalho muito cuidadoso com câmera na mão (a fotografia é do Tom Stern, fotografo do Eastwood). Lançado por aqui erm DVD pela California sob o super genérico titulo Pura Adrenalina, mas é melhor que todo o catalogo para cinema que eles lançaram em cinema este ano. Por curiosidade o filme foi co-escrito pelo Nicolas Saada, um dos melhores críticos da Cahiers nos anos 80.
23) Outrage Beyond (Takeshi Kitano)
Sustentando no espaço entre Brother e os dois Eleição de Johnnie To, é o melhor filme de Kitano em alguns anos (e isto vindo de alguém que defende a maior parte dos filmes dele dos últimos dez anos). Se Outrage era um slasher com Yakuzas, Outrage Beyond muito rapidamente se revela uma comédia de maneiras de gangsters que ao mesmo tempo celebra o código que supostamente os rege e faz troça de todos os rituais e traições que os dominam. Se o filme anterior era um banho de sangue com a disposição de um Mario Bava, este é uma questão de um plano a mais, seja da câmera segurar por um segundo a mais sobre uma ação ou um contraplano perfeitamente executado.
22) In Another Country (Hong Sang-soo)
Um tanto fácil na sua estrutura se comparado a outros filmes recentes de Hong, mas ainda assim carregado por uma série de achados de situações e locações que o aproximam muito de alguns dos filmes mais relaxados de Rohmer dos anos 80. E somente Hong poderia pegar Isabelle Huppert e despoja-la de todo os excessos de grande atriz, ela não esteve tão relaxada e bem num filme em anos.
21) The Great Cinema Party (Raya Martin)
Um dos grandes filmes políticos do ano. Perfeitamente estruturado na maneira que consegue estabelecer um estado de violência histórica e depois procede em esvazia-lo e por fim preenchê-lo com seus amigos. É um filme construído sobre a presença da história das Filipinas, mas sobretudo dos amigos de Martin que relaxadas a jogar conversa fora servem como contraponto essencial a mesma. Fazer uma festa também pode ser um ato político.
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Como nos últimos anos o critério da lista é a de filmes lançados nos últimos três anos vistos por mim pela primeira vez em 2012.
Menções honrosas: 21 Jump Street (Phil Lord e Chris Miller), Abendland (Nikolaus Geyrhalter), Abrir Puertas y Ventanas (Milagros Mumenthaler), Aprés Mai (Olivier Assayas), Argo (Ben Affleck), Boa Sorte, Meu Amor (Daniel Aragão), Buenas Noches España (Raya Martin), Djailoh (Ricardo Miranda), Dredd (Pete Travis), Eden (Bruno Safadi), Flying Swords of Dragon Gate (Tsui Hark), A Guerra Esta Declarada (Valerie Donzelli), Hotel Mekong (Apichatpong Weerasethakul), The Inkeepers (Ti West), J Edgar (Clint Eastwood), Killer Joe (William Friedkin), Margaret (Kenneth Lonergan), Mientras Duermes (Jaume Balagueró), Missão Impossivel 4 (Brad Bird), La Noche de Enfrente (Raul Ruiz), O que se move (Caetano Gotardo), Pa Negre (Augustin Villaronga), The Raid (Gareth Evans), White – The Melody of a Curse (Got Kim e Sun Kim), The Woman Knight of Mirror Lake (Herman Yau)
50) Ballet Aquatique (Raul Ruiz)
O penúltimo filme de Ruiz não poderia ser mais simples construindo-se a partir de material alheio e alguns poucos elementos de cena e atores. É uma homenagem a Jean Painlevé, mas é sobretudo um filme de Ruiz que na sua simplicidade não deixa de ser uma declaração de princípios: tudo no cinema permite um novo mergulho no imaginário. Ruiz é um maluco do qual sentiremos muita falta.
49) Lockout (James Mather e Stephen St. Leger)
Entre os filmes desta lista Lockout deve ser de longe o menos ambicioso. Basicamente uma desculpa para os diretores estreantes Mather e Leger e o produtor Luc Besson reimaginar Fuga de Nova York numa estação espacial. Tudo aqui é perfeitamente genérico e dispensável, mas Lockout possui algo que uma bomba inflada como Skyfall jamais terá: uma compreensão total do seu material e dedicação a ele que evita trata-lo como mais ou menos do que é. Nenhuma tentativa envergonhada de se justificar ou tentar soar espertinho e irônico (para um filme que procura tanto se aproximar do cinema de ação dos anos 80, Lockout não demonstrar nenhum fetiche auto referencial). Alem disso o filme se beneficia muito da presença de Guy Pearce (apesar de duas sessões do filme depois eu ainda não ter certeza se ele estava a se divertir horrores ou horrorizado que seu agente lhe colocou num filme como este).
48) Les Mains en l’air (Romain Goupil)
Um filme sobre a política de imigração francesa do ponto de vista de um grupo de crianças que trata o olhar infantil com respeito e sem nenhuma condescendência ou exploração. Les Mains em L’air faz um trabalho notável de combinar história nos rituais infantis (incomporavelmente melhor do que a maioria dos filmes sobre olhar infantil sobre história). Goupil é um ótimo diretor que merecia ser mais conhecido.
47) Vamps (Amy Heckerling)
Bem longe da sátira sobre vampiros que inevitavelmente será vendida/vista, mas uma muito pessoal e agradável comédia sobre passagem do tempo. Tem uma série de ótimas ideias e sobretudo um olhar muito claro e forte sobre seu tema central. Alem disso os últimos dez minutos são consideravelmente mais envolventes do que uma comédia ligeira sobre vampiros lançada direta em vídeo deveria ser.
46) Sightseers (Ben Wheatley)
Wheatley segue seu tour pelo ficção cinematográfica inglesa com sua contribuição para o mais inglês dos gêneros: a comedia de humor negro de serial killer. Se há algo terrível na Inglaterra de Sightseers é que o mal dela é um dado que o filme reconhece como existindo antes dele, só um fato a mais dentro da sua construção, com o qual simplesmente se deve conviver. É um filme a principio muito mais ligeiro do que Kill List, mas que faz o mesmo movimento de naturalismo para um mal estar assustador.
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O Homem com a Camera, de Dziga Vertov
Semana passada como todo meio cinéfilo sabe foi divulgada a 7º lista de melhores filmes de todos os tempos da Sight & Sound. A atenção inevitavelmente acabou voltada para Um Corpo que Cai terminar a frente de Cidadão Kane pela primeira vez, mas acho mais atraente olhar para as margens dela. O que torna a lista da S&S, um objeto tão interessante é menos os filmes do que como a idéia de refazê-la de dez em dez anos permite um olhar sobre seu recorte. Em suma, inevitavelmente é menos uma lista sobre filmes do que sobre um cânone e entendo que discussão de cânones seja chata para alguns, mas não para mim.
O top 50 esta disponivel aqui para quem ainda não viu.
Algumas observações sobre a lista:
— O Homem com a Câmera como grande novidade do top 10 é simbólico por muitos motivos. Ao contrario de filmes que surgiram no top 10 em décadas passadas, o filme do Vertov não contou com nenhuma restauração ou grande retrospectiva nos anos recentes para ajuda-lo, o máximo que se pode dizer é que o filme esta disponível numa excelente edição de DVD lá fora.É o primeiro filme de não-ficção no top 10 desde 52 e é também certamente o titulo mais experimental a entrar numa dessas listas. O Homem com a Câmera não só entrou no top 10 como o filme que ele tirou da lista foi o Encouraçado Potemkin. Vertov a frente de Eisenstein é uma quebra de cânone habitual muito inesperada e bastante simbólica se formas pensar mudança de paradigmas do que seria um cinema político hoje. Eisenstein por sinal não foi bem na lista como um todo, Ivan, o Terrivel caiu do top 50 para fora do top 100, o que me entristece bem mais do que Potemkin não estar no top 10.
— Nada, porem me entristece mais em toda lista do que a desvalorização de Charles Chaplin. Luzes da Cidade (em outros tempos uma inevitável presença no top 10) terminou num distante 50º e Tempos Modernos em 63º. Chaplin historicamente é o único diretor de comédias cujos filmes costumam figurar constantemente neste tipo de lista, mas desta vez ele terminou inclusive recebendo menos votos que Buster Keaton (que teve A General em 34º e Sherlock Jr em 59º). Não é incomum encontrar artigos sobre os limites da história oficial que ao tocar em comédia menciona Chaplin como exceção no descaso com o gênero justamente pelos motivos extra humor (o sentimentalismo, o lado social, etc.), mas aparentemente nem estes bastam mais. Eliminado estes fatores faz certo sentido que Keaton, cujo estilo mais formalista e dinâmico certamente torna-o mais contemporâneo, colhera mais votos.
— Muito se reclamou – como sempre acontece após exercícios como esse – dá ausência de filmes recentes, mas vale dizer que em 2002 entraram no top 50, 0 filmes da década de 90 e só 2 da de 80, contra os 2 dos 00 e 3 dos 90 desta vez. No top 100 como um todos apareceram 3 filmes dos anos 2000 (In The Mood For Love, Mullholand Dr, Yi Yi), 5 da década de 90 (Satantango, Close Up, Historie(s) Du Cinema, Beau Travail, A Brighter Summer Day) e 6 filmes da década de 80 (Shoah, Touro Indomável, Blade Runner, Sans Soleil, Veludo Azul, Fanny & Alexander). 14 filmes das últimas três décadas pode parecer pouco, mas é muito similar ao desempenho do cinema até 1939 (17 filmes). Pessoalmente, me preocuparia mais com M e A Atalante serem os únicos filmes da década de 30 não dirigidos por Renoir ou Chaplin ou com a lista contar com só 11 filmes asiáticos do que com a ausência de filmes recentes.
— Apesar de eu suspeitar muito da ideia de que vivemos uma era em que “tudo esta facilmente disponível” é verdade que esta é a primeira lista da S&S em que a combinação DVD/Blu-Ray + Internet tornou muitos filmes bem mais fáceis de acessar em boas copias; em 1992, por exemplo, seria muito difícil para A Cor da Romã aparecer numa lista dessas entre outras coisas porque era um filme difícil de sequer assistir. Outro efeito provável da web é ajudar a permitir que certos guetos críticos refinem seus próprios cânones o que ajuda a explica o desempenho notável de Bela Tarr (não só Satantango em 35º, mas tanto Werckmeister Harmonies e O Cavalo de Turim entre os 10 mais votados dos anos 2000) ou Edward Yang ser o mais improvável diretor com dois filmes na lista.
— A lista como um todo diluiu muito mais seus votos do que nas edições anteriores, mas ainda sim se concentrou bastante na obra de alguns poucos diretores. Godard, Hitchcock e Bergman tiveram quatro filmes mencionados entre os 100, e Renoir, Welles, Dreyer, Tarkovsky, Coppola e Bresson tiveram três títulos cada um. Estes oito diretores terminaram responsáveis por 30% da lista.
Arquivado em Listas, Observações
20) Girimunho (Clarissa Campolina e Helvecio Marins)
Num filme como este, a maior questão é encontra a imagem e o tempo certo para seus personagens e isto é algo que Girimunho consegue quase o tempo todo. Num ano com um numero bem alto de bons filmes de jovens cineastas, esta estréia de Campólina e Marins foi o melhor deles.
19) El Sicario: Room 164 (Gianfranco Rosi)
Um homem, um quarto, uma história de horrores. O documentário de Rosi não poderia ser mais simples, cerca de 90 minutos de entrevista com um ex-matador da máfia mexicana. Só que destes poucos elementos, o cineasta extrai algo que geralmente documentários não alcançam. Nos gestos hiper ativos do entrevistado, na forma com que ele segue rabiscando no seu caderno de notas para melhor explanar e sobretudo no capaz preto que permanece sempre sobre seu rosto, Rosi produz um documentário de uma teatralidade frontal muito em comum. È como se a ficção estivesse ali pronta para adentrar aquele espaço.
18) Kill List (Ben Wheatley)
Muito antes de algo estranho acontecer em Kill List cada plano de Wheatley parece sugerir que há algo de muito errado no universo de seu protagonista, que a qualquer momento a placidez das cenas iniciais (mais próximo de um drama realista de classe média inglesa do que de um filme de horror) dará lugar ao desastre. É um dos filmes de horror mais enervantes dos últimos anos justamente porque traz consigo esta sensação constante de que a Inglaterra que registra é um espaço doente que pode implodir a qualquer momento.
17) O Cavalo de Turim (Bela Tarr)
Bela Tarr filma o fim dos tempos. Uma experiência notável do primeiro ao último plano.
16) Disorder (Weikai Huang)
Uma pequena aula em montagem em documentário. Huang extrai seu filme todo de material da vida pública chinesa filmada por terceiros, cenas que poderiam estar soltas num You Tube, mas que ganham sentido reunidas e organizadas pelo cineasta. Há uma fluidez na organização do mosaico de Huang que tornam Disorder bem mais do que só uma compilação de uma sociedade tomada pelo absurdo. Continuar lendo
Arquivado em Listas
Como sempre nas minhas de final de ano, o critério que vale é filmes vistos por mim pela primeira vez em 2011 realizados nos últimos 3 anos.
O top 20 segue amanhã.
Menções Honrosas: 20 Cigarettes (James Benning), Las Acacias (Pablo Giorgelli), Adeus (Mohammad Rasoulof), Aita (José Maria de Orbe), Aterrorizada (John Carpenter), Balada Triste de Trompeta (Alex de la Iglesia), La Belle Endorme (Catherine Breillat), Belle Epine (Rebecca Zlotowski), Chantal, de Cá (Gustavo Beck e Leonardo Luiz Ferreira), Cisne (Teresa Villaverde), Cut (Amir Naderi), A Doença do Sono (Ulrich Köhler), Era Uma Vez na Anatolia (Nuri Bilge Ceylan), Hoy No Tuve Miedo (Ivan Fund), Inquietos (Gus Van Sant), Os Monstros (Pedro Diogenes, Guto Parente, Luiz e Ricardo Pretti), Os Residentes (Tiago Mata Machado), Secret Reunion (Hun Jang), Sexo Sem Compromisso (Ivan Reitman), Super8 (JJ Abrams), Trabalhar Cansa (Marco Dutra e Juliana Rojas), Twelve (Joel Schumacher), Velozes e Furiosos 5 (Justin Lin), La Vida Util (Federico Veiroj), Vigias (Marcelo Lordello)
50) Slow Action (Ben Rivers)
Uma ilha pós fim do mundo. O impressionante média de Rivers é uma elegia notável a uma sociedade que decaiu antes de ter começado. Um dos pontos altos do cinema experimental em 2011 e uma das melhores ficções cientificas também.
49) Don’t Go Breaking My Heart (Johnny To e Wai Ka Fai)
Não costumo ser um dos maiores entusiastas dos romances que Johnny To faz para pagar as contas da Milkway, mas Don’t Go Breaking My Heart é um das suas melhores aventuras fora do filme de ação. Raro encontrarmos uma comédia romântica tão formalmente bem cuidada e o filme chega a lembrar Daisy Kanyon de Preminger na forma como apresenta o caso dos dois pretendentes (Louis Koo, Daniel Wu).
48) Detroit, Ville Sauvage (Florent Tillon)
No site de Tillon há um ensaio sobre Robocop e podemos dizer que este filme ensaio sobre Detroit poderia se chamar “e se Robocop fosse um texto profético?”. Mais para filme de terror do que um filme de cidade e certamente um dos filmes mais impressionantes sobre o tamanho da crise econômica americana.
47) One Minute of Darkness (Christoph Hochhäusler)
Belo filme de caçada (há algo muito estranho quando se percebe que o cinema de gênero alemão anda mais saudável que o americano). Hochhäusler conduz sua narrativa bifurcada (o criminoso solta, o detetive em crise de consciência reconstituindo sua própria investigação) com considerável precisão e simplicidade. As seqüências do assassino na floresta são notáveis como se a caçada do Essential Killing de Skolimowski encontrasse a finalidade um Lang.
46) Distinguished Flying Cross (Travis Wilkerson)
Wilkerson, um dos melhores cineastas políticos americanos, fez este ótimo média que se alterna entre a história de como seu pai ganhou uma medalha no Vietnã com cenas de combate rodadas por soldados.