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Thom Andersen além de Los Angeles Plays Itself

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The Thoughts That Once We Had (2015), de Thom Andersen

Muitos cinefilos paulistanos tiveram a oportunidade de conhecer Thom Andersen quando a Mostra trouxe Los Angeles Plays Itself em 2014. Trata-se certamente da obra prima de Andersen tanto como cineasta quanto crítico, mas a partir de amanhã (8/7) o CCSP iniciara a retrospectiva “Hollywood e além: o cinema investigativo de Thom Andersen” que nos dará a oportunidade de conferir o restante da obra de Andersen que vai certamente além daquele grande filme. A retrospectiva inclui até onde sei todos os longas e médias do realizador e grande maioria dos curtas dele, incluindo alguns trabalhos do ano passado que ainda não circularam muito. Andersen é um cineasta essencial justamente porque poucos são tão hábeis em nos colocar diante de como a história das formas (seja numa arte como cinema, seja nos espaços públicos que frequentamos, etc.) ajuda a formar nossa compreensão do mundo. Como costumo dizer o que há de menos importante nos filmes de Andersen e se concordamos ou não com suas teses e conclusões, mas este desejo de expandir o olhar.

Entre outras coisas é uma bela oportunidade para colocar as preocupações com arquitetura, espaço público e políticas de Andersen num contexto mais amplo. Por exemplo, Red Hollywood (co-dirigido pelo Noel Burch) e Get Out of the Car, os filmes que Andersen realizou antes e depois de Los Angeles Plays Itself ajudam bastante a coloca-lo no contexto, o primeiro narrando a historia dos artistas militantes comunistas em Hollywood e o segundo completando a construção da identidade urbana de Los Angeles para além da sua imagem no próprio cinema.

A retro é uma rara oportunidade de assistir ao primeiro média dele Eadweard Muybridge, Zoopraxographer que é um dos seus melhores filmes e geralmente circula na internet em cópias de qualidade duvidosa. Um trabalho excepcional de crítica e história e um dos seus filmes formalmente mais interessantes, além de um bom exemplo do senso de humor do Andersen em relação ao seu tom professoral que sempre ajuda os filmes a fluir melhor. A retro também inclui a primeira exibição paulistana do longa mais novo de Andersen The Thoughts That We Once Had, que acho só passara por aqui no Fronteira ano passado. É um filme intrigante justamente porque tira Andersen do seu habitat natural do pragmatismo da crítica americana e numa direção mais especulativa da tradição francesa. O ponto de partida são os dois livros de cinema do Deleuze, mas é bom destacar aos deleuzianos que eles são mais um veículo para as ideias de Andersen do que o foco do filme.

A retro também inclui alguns trabalhos de cineastas próximos e as vezes parceiros do realizador como Peter Bo Rappmund, Billy Woodberry e Ross Lipman.

No dia 14 após a segunda exibição do The Thoughts That We Once Had haverá um bate papo entre o Andersen, Remier Lion e o Aaron Cutler (que fez a curadoria da mostra junto da Mariana Shellard).

A programação esta disponível aqui.

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Mostra 2015

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Um Dia Quente de Verão (1991), de Edward Yang

Não é uma das Mostras de São Paulo com seleção mais apetitosas, mesmo assim tem muita coisa a se ver.

Filmes que mais me interessam:

Hors-concours: Visita ou Memórias e Confissões (Manoel de Oliveira)
Ao Longo dos Anos (Nikolaus Geyrhalter)
Os Campos Voltarão (Ermanno Olmi)
É o Amor (paul Vecchiali)
Garoto (Julio Bressane)
John From (João Nicolau)
As Mil e Uma Noites (Miguel Gomes)
Para o Outro Lado (Kiyoshi Kurosawa)
Ryuzo e seus Sete Capangas (Takeshi Kitano)
Três Lembranças da Minha Juventude (Arnaud Deplaschin)

Filmes que me interessam bastante:

Aferim! (Radu Jude)
O Apostata (Federico Veiroj)
Através da Sombra (Walter Lima Jr.)
Campo Grande (Sandra Kogut)
Experimentos (Michael Almereyda)
Meu Amigo Hindu (Hector Babenco)
Meu Querido Hans (Alexander Mindadze)
Montanha (João Salaviza)
Para Minha Amada Morta (Aly Muritiba)
O Prefeito (Bruno Safadi)
O Quarto Proibido (Guy Maddin, Evan Johnson)
Quase Memória (Ruy Guerra)
Sob Nuvens Elétricas (Aleksey German Jr.)
O Touro (Larissa Figueiredo)
Volta a Terra (João Pedro Plácido)

Outros Brasileiros que me interessam:

Aspirantes (Ives Rosenfeld)
Boi Neon (Gabriel Mascaro)
California (Marina Person)
O Espelho (Rodrigo Lima)
Fome (Cristiano Burlan)
Futuro Junho (Maria Augusta Ramos)
Mais do que Possa Me Reconhecer (Allan Ribeiro)
Mate-me por Favor (Anita Rocha da Soliveira)
A Morte de J.P. Cuenca (João Paulo Cuenca)
Origem do Mundo (Moa Batsow)
Piadeiros (Gustavo Rosa de Moura)
Ralé (Helena Ignez)
Seca (Maria Augusta Ramos)
Todas as Cores da Noite (Pedro Severien)
Tropykaos (Daniel Lisboa)

Outros filmes de interesse:

El Abrazo de la Serpiente (Ciro Guerra)
Armadilha (Brillante Mendoza)
Boxe (Florin Serban)
A Bruxa (Robert Eggers)
Bone Tomahawk (S. Craig Zahler)
Cinzento e Negro (Luis Filipe Rocha)
Coração de Cachorro (Laurie Anderson)
Desde Alla (Lorenzo Vigas)
Enquanto Estamos Sonhando (Andreas Dressen)
Mistress America (Noah Baumbach)
Ornamento e Crime (Rodrigo Areias)
Pardais (Runar Runarsson)
La Patota (Santiago Mitre)
Sabor da Vida (Naomi Kawase)
Son of Saul (Laszlo Nemes)

Imperdivel claro é a retrospectiva do Film Foundation. A seleçáo é otima, alguns filmes como A Cor da Romã e Coronel Blimp passaram na Mostra nem tem tantos anos assim, mas valem muito a pena. Tem pelo menos dois clássicos do cinema americano que raramente são discutidos desta maneira (Bom Dia Tristeza do Preminger e Um Caminho para Dois do Stanley Donen), três filmaços pouquíssimo vistos (Aguaceiro, do Bahram Beizai, Garota Negra, do Ousmane Sembene, e Manila nas Garras da Luz do Lino Brocka), além é claro da exibição de Um Dia Quente de Verão do Edward Yang, que é junto do filme do Manoel o maior evento da Mostra, até porque por questões de direitos segue sem nenhum lançamento em DVD/Blu-Ray de qualidade.

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Nova Holywood no CCBB

Corrida Sem Fim (1971), de Monte Hellman

Corrida Sem Fim (1971), de Monte Hellman

Começou hoje no CCBB-SP (semana passada no de Brasília e a partir da próxima quarta no Rio) a mostra Easy Riders: o cinema da Nova Hollywood. A despeito de o nome trazer a mente aquele livro horroroso do Peter Biskind, a mostra tem uma bela seleção indo dos títulos mais manjados (o próprio Easy Rider, Bonnie e Clyde, MASH, A Última Sessão de Cinema, etc.) e incluindo vários grandes filmes em 35mm que passam muito pouco como O Portal do Paraíso, Two-Lane Blacktop, Five Easy Pieces, Targets, The Effects of Gamma Rays on Man in the Moon Marigolds, Os Maridos, Tragica Obsessão, Warriors e A Ultima Missão. Alem disso exibem em Blu Ray (O CCBB ainda não suporta DCP infelizmente) alguns belos filmes de gênero da época igualmente raros como Nasce um Monstro, Sorcerer, Halloween e Rolling Thunder. Certamente um dos eventos mais legais do ano. Só tem um filme selecionado que eu não recomendo (Rede de Intrigas), o resto mais do que justifica as longas filas que devem rolar no CCBB.

Além disso tem um ótimo catalogo com textos do Luiz Carlos Oliveira Junior, Calac Nogueira, Bruno Andrade, Guilherme Martins, Sergio Alpendre, etc. Contribui com uma tentativa de traçar uma historiografia do cinema americano partindo deThe Shooting/Ride in The Whirlwind de Hellman e Caçada Humana do Arthur Penn e indo até o começo da década de 70. Acho um pouco corrido demais dado as limitações de tamanho, mas creio que serve de introdução ao tema.

Aos leitores de Brasília devo estar por ai para participar do debate da Mostra no dia 29 a noite.

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Mostra 2014

Los Angeles por Ela Mesma, de Thom Andersen

Los Angeles por Ela Mesma, de Thom Andersen

Como sempre faço uma lista de indicações para Mostra. Está divida em 3 blocos, os dois primeiros tem 10 filmes cada e são recomendações mais fortes. Asterisco indica que eu já vi o filme.

A MOÇA E OS MÉDICOS (TIREZ LA LANGUE, MADEMOISELLE), de Axelle Ropert (100′). FRANÇA.
A PROFESSORA DO JARDIM DE INFÂNCIA (HAGANENET), de Nadav Lapid (119′). ISRAEL, FRANÇA.
*DETETIVE D: O DRAGÃO DO MAR (DI RENJIE: SHEN DU LONG WANG), de Hark Tsui (130′). CHINA.
*DO QUE VEM ANTES (MULA SA KUNG ANO ANG NOON), de Lav Diaz (338′). FILIPINAS.
JAUJA (JAUJA), de Lisandro Alonso (108′). ARGENTINA, DINAMARCA, FRANÇA, MÉXICO, EUA, ALEMANHA E BRASIL.
NOITES BRANCAS NO PÍER (NUITS BLANCHES SUR LA JETÉE), de Paul Vecchiali (94′). FRANÇA.
O VELHO DO RESTELO, de Manoel de Oliveira(19′). (o Alentejo, Alentejo que passa com ele estaria na terceira lista)
OS CONVIDADOS (THE GUESTS), de Ken Jacobs (79′). ESTADOS UNIDOS.
QUEEN & COUNTRY (QUEEN & COUNTRY), de John Boorman (115′). REINO UNIDO.
UM POMBO POUSOU NUM GALHO REFLETINDO SOBRE A EXISTÊNCIA (EN DUVA SATT PÅ EN GREN OCH FUNDERADE PÅ TILLVARON), de Roy Andersson (100′). SUÉCIA, ALEMANHA, NORUEGA, FRANÇA.

A VIDA INVISÍVEL (A VIDA INVISÍVEL), de Vítor Gonçalves (99′). PORTUGAL.
ACIMA DAS NUVENS (CLOUDS OF SILS MARIA), de Olivier Assayas (123′). FRANÇA, SUIÇA, ALEMANHA.
CARTA A UM PAI (CARTA A UN PADRE), de Edgardo Cozarinsky (70′). ARGENTINA, FRANÇA.
*COM OS PUNHOS CERRADOS (COM OS PUNHOS CERRADOS), de Luiz Pretti, Pedro Diogenes, Ricardo Pretti (74′). BRASIL.
*COSTA DA MORTE (COSTA DA MORTE), de Lois Patiño (84′). ESPANHA.
DOIS DIAS, UMA NOITE (DEUX JOURS, UNE NUIT), de Jean-Pierre Dardenne, Luc Dardenne (95′). BÉLGICA, FRANÇA, ITÁLIA.
DUAS IRMÃS, UMA PAIXÃO (DIE GELIEBTEN SCHWESTERN), de Dominik Graf (138′). ALEMANHA, AUSTRIA, SUIÇA.
ELA VOLTA NA QUINTA (ELA VOLTA NA QUINTA), de André Novais Oliveira (108′). BRASIL.
MINHA AMIGA VICTORIA (MY FRIEND VICTORIA), de Jean Paul Civeyrac (95′). FRANÇA.
PÁSSARO BRANCO NA NEVASCA (WHITE BIRD IN A BLIZZARD), de Gregg Araki (91′). FRANÇA, ESTADOS UNIDOS.

A CIDADE IMAGINARIA (A CIDADE IMAGINARIA), de Ugo Giorgetti (52′). BRASIL.
A COR QUE CAIU DO CÉU (EL COLOR QUE CAYO DEL CIELO), de Sergio Wolf (75′). ARGENTINA.
A HISTÓRIA DA ETERNIDADE (A HISTÓRIA DA ETERNIDADE), de CAMILO CAVALCANTE (120′). BRASIL.
A PEQUENA CASA (CHIISAI OUCHI), de Yoji Yamada (136′). JAPÃO.
A SELVA INTERIOR (LA JUNGLA INTERIOR), de Juan Barrero (80′). ESPANHA.
A VIDA PRIVADA DOS HIPOPÓTAMOS (A VIDA PRIVADA DOS HIPOPÓTAMOS), de Maíra Bühler, Matias Mariani (91′). BRASIL.
AMOR À PRIMEIRA BRIGA (LES COMBATTANTS), de Thomas Cailley (98′). FRANÇA.
ARRAIANOS (ARRAIANOS), de Eloy Enciso Cachafeiro (70′). ESPANHA.
AS BRUXAS DE ZUGARRAMURDI (LAS BRUJAS DE ZUGARRAMURDI), de Álex de la Iglesia (114′). ESPANHA,FRANÇA.
AS MARAVILHAS (LE MERAVIGLIE), de Alice Rohrwacher (111′). ITÁLIA,SUÍÇA,ALEMANHA.
AS NOITES BRANCAS DO CARTEIRO (BELYE NOCHI POCHTALONA ALEKSEYA TRYAPITSYNA), de Andrei Konchalovskiy (110′). RUSSIA.
AU FIL D’ARIANE (AU FIL D’ARIANE), de Robert Guédiguian (92′). FRANÇA.
AUSÊNCIA (AUSÊNCIA), de Chico Teixeira (87′). BRASIL.
BAAL (BAAL), de Volker Schlöndorff (88′). ALEMANHA.
*BRANCO SAI PRETO FICA (BRANCO SAI PRETO FICA), de ADIRLEY QUEIRÓS (93′). BRASIL.
*CAMPO DE JOGO (CAMPO DE JOGO), de Eryk Rocha (71′). BRASIL.
CASA GRANDE (CASA GRANDE), de Fellipe Barbosa (114′). BRASIL.
CASTANHA (CASTANHA), de Davi Pretto (95′). BRASIL.
DÓLARES DE AREIA (DOLARES DE ARENA), de Laura Amelia Guzmán, Israel Cárdenas (85′). REP. DOMINICANA, MÉXICO, ARGENTINA.
EL MUDO (EL MUDO), de Daniel Vega, Diego Vega (86′). PERU, FRANÇA, MEXICO.
ESTRELA CADENTE (STELLA CADENTE), de Lluís Miñarro (105′). ESPANHA.
FORÇA MAIOR (TURIST), de Ruben Ostlund (118′). SUÉCIA , DINAMARCA, NORUEGA.
MAPA (MAPA), de Leon Siminiani (85′). ESPANHA.
NON FICTION DIARY (NON FICTION DIARY), de JUNG Yoon-suk (93′). CORÉIA DO SUL.
O FIM DE UMA ERA (O FIM DE UMA ERA), de Bruno Safadi, Ricardo Pretti (70′). BRASIL.
O HOMEM QUE ELAS AMAVAM DEMAIS (L´HOMME QU´ON AIMAIT TROP), de André Téchiné (116′). FRANÇA.
O PEQUENO QUINQUIN (P’TIT QUINQUIN), de Bruno Dumont (200′). FRANÇA.
OBRA (OBRA), de Gregorio Graziosi (80′). BRASIL.
OPIUM (OPIUM), de Arielle Dombasle (77′). FRANÇA.
OS MAIAS – CENAS DA VIDA ROMÂNTICA (OS MAIAS – CENAS DA VIDA ROMÂNTICA), de João Botelho (133′). BRASIL,PORTUGAL.
PARIS DO NORTE (PARÍS NORÐURSINS), de Hafsteinn Gunnar Sigurðsson (95′). ISLÂNDIA.
PERÍODO DE GESTAÇÃO (UNCERTAIN TERMS), de Nathan Silver (74′). ESTADOS UNIDOS.
PERMANÊNCIA (PERMANÊNCIA), de Leonardo Lacca (90′). BRASIL.
PORQUE EU ERA PINTOR (PARCE QUE J’ÉTAIS PEINTRE), de Christophe Cognet (104′). FRANÇA, ALEMANHA.
PROMETO UM DIA DEIXAR ESSA CIDADE (PROMETO UM DIA DEIXAR ESSA CIDADE), de Daniel Aragão (90′). BRASIL.
RETORNO A ÍTACA (RETOUR À ITHAQUE), de Laurent Cantet (95′). FRANÇA.
RHINO SEASON (FASLE KARGADAN), de Bahman Ghobadi (88′). IRÃ, IRAQUE, TURQUIA.
RUA SECRETA (SHUIYIN JIE), de Vivian Qu (94′). CHINA.
SINFONIA DA NECRÓPOLE (SINFONIA DA NECRÓPOLE), de Juliana Rojas (85′). BRASIL.
TRISTEZA E ALEGRIA (SORG OG GLÆDE), de Nils Malmros (107′). DINAMARCA.
*VENTOS DE AGOSTO (VENTOS DE AGOSTO), de Gabriel Mascaro (77′). BRASIL.
WINTER SLEEP (KIS UYKUSU), de Nuri Bilge Ceylan (196′). TURQUIA, ALEMANHA, FRANÇA.

Além disse como sempre vale destacar as retrospectivas e cópias de filmes restaurados que como sempre são um ponto forte da Mostra. A homenagem ao Victor Erice apesar de infelizmente não contar com seus curtas é obrigatória para quem não conhece. Nunca vi nada do Noboru Nakamura, mas o Sérgio Alpendre que conhece cinema japonês melhor do que eu recomendo-o bastante especalmente Lar Doce Lar e Paixão Mórbida. Dentro da retrospectiva do Marin Karmitz, destaco em especial Melo (Resnais), Salto no Vazio (Bellocchio) e Conto de Cinema (meu Hong Sang-soo favorito).

Meus grandes destaques porém ficam por conta das exibições de Los Angeles por Ela Mesma do Thom Andersen e Anna do Alberto Grifi e Massimo Sarchielli, ambos são filmes bem longos, mas essenciais e são oportunidade raras de ver no cinema.

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Fritz Lang

Almas Perversas (1945)

Almas Perversas (1945)

 

Evento imperdível para o cinéfilo paulistano: retrospectiva completa do Fritz Lang no CCBB. Vai depois para Rio e Brasília. Ao contrario da maioria dos eventos similares o CCBB separou uma bela grade (6 semanas) e todos os filmes serão exibidos em película.

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Broken Lullaby (Ernst Lubitsch, 1932)

Broken Lullaby é a principio um filme muito improvável na carreira de Ernst Lubitsch, bem distante da comedia sofisticada safada de um Trouble in Paradise ou Design for Living. Trata-se de um melodrama de pós-Guerra: jovem francês segue perseguido pela memoria do soldado alemão que matou vai a procura da família deste e aos poucos toma seu lugar. Há um peso enorme sobre as costas do filme, falamos frequentemente de comedia de recasamento, mais eis aqui mais incomum um drama de recasamento, onde o relacionamento que precisa ser recuperado é de todo um continente. Outro dia mencionei como o cinema de Capra era ligado intimamente aos anos 30 e o mesmo pode ser dito de Broken Lullaby que segue inseparável de um contexto do entre guerras, de uma ideia de continente dilacerado, assombrado pela ideia de que convidou a barbárie para sua própria sala. É um filme anti-guerra com algumas peculiaridades, já que ao mesmo tempo muito especifico no seu retrato e muito expansivo na forma que confronta de frente a ideia do assassinato institucionalizado. O humor em Lubitsch é frequentemente baseado num desejo de conservar as boas maneiras, fazer valer o pacto civilizatório por mais selvagens que sejam as situações, Broken Lullaby é o exato contraponto disso, um filme sobre vida após tal pacto ser quebrado. Não deixa de ser uma articulação do subtexto que assombra muitos dos seus filmes e raramente é sugerido no primeiro plano (as maiores exceções são provavelmente não por acidente as suas duas obras-primas do período da segunda guerra To Be or Not To Be e Heaven Can Wait). Como qualquer articulação do tipo, há momentos em que se flerta com a mão pesada (e não ajuda o protagonista ser Philips Holmes, um dos astros mais fracos do começo dos anos 30), mas o filme se sustenta em parte pela precisão da sua concepção: um filme sobre culpa no qual a única saída disponível é um suicídio simbólico. Lubitsch não encara tal ideia com qualquer subterfúgio, os últimos minutos do filme são quase insuportáveis. Quando a noiva do falecido leva Holmes a um quarto para ler a sua última carta para ela, o espaço é apresentado de forma tão opressiva que é como se Holmes se apresentasse diante de um pelotão de fuzilamento. As imagens finais são assombradas pela fragilidade da reconciliação possível, um dos finais felizes mais sinistros de todo o cinema.

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O Último Chá do General Yen (Frank Capra, 1933)

general yen

Meu amigo David Phelps curou um programa dos mais interessantes chamado Auteurs Gone Wild, atualmente em cartaz em Nova York. Numa troca de mails David sugeriu que eu escrevesse sobre os filmes que ele selecionou aqui para o blog e me pareceu uma ótima ideia para reativar este espaço aqui, além de ser uma excelente desculpa para revisitar alguns favoritos e descobri algumas raridades do catalogo de cineastas favoritos. Parte da ideia de David é buscar filmes nos quais cineastas tiveram liberdade para fugir de formatos nos quais foram consagrados e se aventurar por terrenos desconhecidos. Filmes que paradoxalmente são trabalhos nos quais seus diretores frequentemente tiveram um controle maior do que em seus filmes mais canonizados e se revelam bem mais excêntricos. Como alguém sempre fascinado pela ideia de contra cânone a seleção de Davis não poderia ser mais interessante para além de O Último Chá do General Yen, a serie inclui os dois filmes que Chaplin só dirigiu, A Woman of Paris (1923) e A Condessa de Hong Kong (1967), Sob o Signo de Capricórnio (Hitchcock), Anatahan (Von Sternberg), Peter Ibbetson (Hathaway), Edward, My Son (Cukor), You and Me (Lang) e Broken Lullaby (Lubitsch).

Por uma dessas coincidências eu passei uma parte razoável dos dois primeiros meses do ano assistindo uma série de filmes pré código Heyes com Barbara Stanwyck incluindo os três primeiros filmes que ela fez com Frank Capra (Ladies of Leisure, Miracle Woman e Forbidden), e não deixa de ser interessante retomar O Último Chá do General Yen, que acabou por ser a última colaboração deles,  tendo em vista os filmes anteriores. Apenas Miracle Woman pode ser descrito como um típico Capra e Forbidden tem um pouco da perversidade de General Yen. São também progressivamente melhores (Ladies of Leisure é bem medíocre, Forbidden irregular, mas muito interessante) e se O Último Chá do General Yen permanece o meu Capra favorito, os dois filmes que realizaria na sequência (Dama por um Dia, Aconteceu Naquela Noite), seriam meus outros dois candidatos.

No geral ver Yen pouco depois de uma série de outros filmes do começo da carreira ajuda a contextualiza-lo melhor e torna-lo menos um objeto estranho na carreira do diretor. Capra é um cineasta que só pode pertencer aos anos 30, porque o populismo proto fascista dele não faz muito sentido no pós II Guerra e de certa forma a condição de outro do General Yen permite que Capra lance mão comais liberdade dos impulsos anti-democráticos que permanecem no subtexto de seus filmes posteriores. Yen é o primeiro das grandes figuras que fascinam o diretor, mas sua concepção permanece mais distante e indecifrável de que nos filmes posteriores, muito pela relação estranha que ele mantém pela ideia do outro. Pois General Yen é uma fabula sobre o desejo missionário no qual o orientalismo é menos usado pelo seu fascínio (como em Sternberg), do que para desenvolver um jogo dualidades em que o fracasso do missionarismo é inseparável da constatação de que o estrangeiro não é o general oriental, mas a missionária ocidental.

As sequencias menos interessantes de O Ultimo Chá são aquelas que reduzem o filme a um jogo ideológico entre Stanwyck e Nils Ashter (ambos extraordinários, e é uma pena que o incomodo da presença politicamente incorreta do dinamarquês Ashter como um general chinês atrapalhe o reconhecimento do trabalho dele aqui), mas elas permanecem graças a concepção geral do filme. O Último Chá do General Yen é um romance inter-racial, previsto nos esforços da mulher branca de negar o seu desejo e na capacidade da imagem cinematográfica de desnuda-lo. Tanto quanto o melhor Sternberg do período, General Yen é na sua essência um filme erótico que esta no seu melhor quando a câmera (um dos melhores trabalhos de Joseph Walker) isola Ashter e Stanwyck no quadro e torna o desejo deles palpável. Yen é um dos raros filmes nos quais a figura objetivada pela câmera é quase sempre o homem, apesar de o filme levar tal ideia em direções curiosas como no pesadelo em que o general faz as vezes tanto de Nosferatu como Valentino.  Não se pode afinal escapar da câmera de cinema.  O tom brutal da perversidade do filme vem do reconhecimento desta ideia.

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Nicolas Klotz no Rio

Paria (2001), de Nicolas Klotz

Paria (2001), de Nicolas Klotz

Acontece de amanhã, 18, até sábado, 22, uma mostra dedicada aos filmes de Nicolas Klotz na Caixa Cultural no Rio. Recomendo bastante já que acho os quatro longas mais recentes dele que compõe o centro da Mostra (que ainda exibe alguns curtas, alguns documentários, um making off divertidíssimo da filha dele sobre as filmagens do A Questão Humana, etc) dos mais ambiciosos e interessantes do cinema francês recentes. Klotz (que trabalha sempre em parceria com sua esposa Elisabeth Perceval) as vezes é um tanto punitivo demais na sua encenação, mas acho que ele vai fundo em alguns elementos da Europa contemporânea como poucos dos seus pares. Recomendo especialmente Paria (2001) que quase nunca passa e conta com uma atuação incrível de Gerald Thomassin, o jovem assassino de Doillon, e é um tanto menos negativo que seus filmes posteriores.

Aproveito para repostar um artigo sobre a chamada Trilogia dos Tempos Modernos da époxca do lançamento comercial de A Questão Humana. Acho que os dois textos meus no catálogo melhores do que este, mas foi uma primeira tentativa valida de tentar tratar do que torna Klotz um cineasta interessante.

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Maurice Pialat

Aos Nossos Amores

Aos Nossos Amores

Aproveitando o começo da retrospectiva imperdível do Maurice Pialat no CCBB de São Paulo, reproduzo o meu texto sobre Aos Nossos Amores para o Cineclube da Contracampo.

A Matéria Prima

Maurice Pialat é geralmente descrito como um cineasta realista – o que não é uma descrição de toda errada, mas que diz muito pouco. Talvez seja melhor apontar que, ao lado de Jean-Marie Straub, Pialat é o mais materialista dos cineastas. O que se vê em seus filmes é o que se obtém. Quando vemos a jovem Sandrine Bonnaire flertando com um marinheiro americano, as imagens do filme revelam apenas o que têm de mais planas: o prazer que esta adolescente tem com o flerte e a segurança com que se relaciona com a própria sexualidade. Pialat está bem longe de ser algum tipo de cineasta descritivo, mas seu trabalho com freqüência é antes de mais nada derrubar a parede que distancia o espectador da ação, colocá-lo no meio do combate. O que temos na maior parte do tempo é uma imagem bruta e tão neutra quanto o cineasta consegue deixa-lá. Muito da dificuldade de um filme como Aos Nossos Amores vem dele deixar boa parte do trabalho para o espectador – que é quem é chamado para se decidir neste panorama de guerra familiar. É preciso saber lidar com as imagens no que elas têm de mais plano e bruto para realmente se apreciar Pialat.

As primeiras imagens de Aos Nossos Amores nos apresentam Sandrine Bonnaire – este foi seu primeiro filme – num ensaio de uma peça amadora. Ela é aqui um tanto desajeitada a ouvir as instruções do irmão (você tem 16 anos, é incapaz de amar), que de certa forma adiantam os eventos posteriores. Pialat põe as cartas na mesa e entrega para o espectador a matéria prima do filme: Bonnaire. Aos Nossos Amores é um dos casos mais impressionantes de parceria diretor/atriz: todo o filme é construído a partir dos ritmos da atriz, existe a partir dela. Mesmo na famosa cena do jantar, onde sua participação parece discreta, Bonnaire permanece central. Não é uma questão de um quadro composto para valorizar a atriz, pelo contrario, ela nem sempre tem espaço privilegiado na imagem. Trata-se de focar o filme na relação entre a atriz e a câmera, da atriz com os outros atores. Pialat sempre gostou de construir situações em que atores deixassem cair a máscara da interpretação – não surpreende portanto sua atração por atores infantis ou adolescentes, mas no seu trabalho com Bonnaire levou o processo ainda mais longe. Um dos prazeres de Aos Nossos Amores é justamente observar uma atriz descobrindo sua arte. Há um senso de novidade a cada gesto, a cada interação, mesmo nas mais desagradáveis cenas de violência, em que não temos muitas dúvidas de que os atores estão mesmo a trocar tapas.

A pintura

Maurice Pialat começou a carreira como pintor, e é uma pena que seja tão raro encontrar reproduções desta sua obra inicial, já que ela diz muito sobre sua estética particular. Pode-se dizer que Pialat tem, junto com Robert Bresson, o melhor olhar de pintor de todo o cinema. Seus filmes à primeira vista não têm nada em comum, e é bem provável que eles (Bresson, ao menos) não gostassem muito de ser colocados juntos, mas as semelhanças são consideráveis. Quando se pensa na relação cinema/pintura, geralmente vem à mente filmes cujas imagens estáticas fiquem bonitas numa reprodução em livro ou revista (praticamente qualquer filme fotografado por Vittorio Storaro) – não é dessa idéia de aproximação cinema/pintura que falamos aqui. Considerem esta passagem de uma entrevista de Bresson dada à época do lançamento de O Dinheiro: “Já fui chamado de janseísta, o que é loucura. Sou o oposto. Estou interessado em impressões. Darei um exemplo de O Dinheiro. Quando estou nos Grands Boulevards, a primeira coisa que penso é: como eles me impressionam? E a resposta é que eles me impressionam como uma massa de pernas e sons de pisadas sobre o pavimento. Eu tentei comunicar esta imagem através de imagem e som… É preciso haver um choque no momento de faze-lo, é preciso haver a sensação de que os humanos e as coisas a ser filmadas são novos, você precisa jogar surpresas no filme. É isto que acontece na cena no Grands Boulevards. Eu podia sentir os passos, me foquei nas pernas do protagonista, e na maneira que eu podia propeli-lo pela multidão até onde ele precisava chegar. Estes são os Grands Boulevards até onde me interessam, todo o movimento.”

Esta descrição (que poderia tranqüilamente ter vindo de Pialat, apesar de que a solução por ele encontrada certamente seria outra) se parece muito mais com a que se espera de um pintor do que a de um cineasta, mas ela pode ser uma boa porta de entrada para obra de ambos os cineastas em questão. Ela também aponta uma clara distância tanto de uma imagem bela (e elas são bem raras em Pialat) quando do realismo fotográfico com o qual ele é freqüentemente associado. Sua associação com o último será de uma profunda radicalização do processo. A pergunta-chave que guia Aos Nossos Amores é: como representar a experiência desta adolescente? È isto que Pialat fará seguindo-a pelas noitadas com as amigas, pelo mal-estar dentro de casa ou no desconforto com que testa um vestido de noiva. O filme procurará sempre a imagem mais adequada para isso. Podemos sentir na pele as pinceladas de Pialat, a forma como se trabalha por acumulação dentro do plano. É um filme de radicais alterações de tom, indo dos momentos mais alegres aos mais desconfortáveis. Muito se fala da vida promíscua de Suzanne, mas pouco a vemos. Geralmente apenas uma preliminar ou alguma troca de dialogo pós-sexo, na verdade sexo aqui – como em alguns outros filmes que cineasta fez à época como Loulou e Policia – é mais um desejo, uma urgência do que um prazer – e o filme deixa-o quase todo nas suas elipses, se concentrando mais nas suas conseqüências. Aos Nossos Amores vai mesmo a estratosfera nas cenas entre pais e filhos (o próprio Pialat interpreta o pai e Evelyne Ker faz a mãe). Aqui a forma como o cineasta consegue captar o clima do set é usada ao máximo em favor do filme. É notório que Aos Nossos Amores teve o que talvez seja o set mais caótico da carreira de Pialat, com grandes desentendimentos – possivelmente incentivados – entre o elenco, em especial entre Evelyne Ker e Sandrine Bonnaire. As cenas entre Bonnaire, Ker e Dominique Besnehard (o irmão que assume a condição de figura paterna pela maior parte do filme) são de um peso e concentração raro em todo o cinema. O clima de que o apartamento-ateliê (um grande achado cênico, por sinal) está prestes a explodir e que animosidade toma conta do ar é latente. A guerra familiar tem um peso bem próprio, poucas vezes no cinema a não-comunicação entre pais e filhos foi exibida de forma tão extrema, mas ao mesmo tempo o tom de experiência vivida construído pelo filme garante a ele uma forte credibilidade.

A tristeza sempre durará

Todo o filme deságua no momento do retorno do pai (desaparecido por cerca de uma hora), interrompendo o jantar familiar. Trata-se de uma cena de cerca de quinze minutos, onde o restante da família (Suzanne, o marido, mãe, o irmão com noiva e futuro cunhado, além de um amigo) confraterniza. As variações radicais na parte inicial da cena que sugerem uma progressiva agressão entre irmãos prepara a chegada do pai, assim como instaura a cena como o momento que confirma Aos Nossos Amores como o grande estudo sobre ressentimento na obra de Pialat. No filme, as feridas parecem se multiplicar, cada troca entre personagem por trás do seu discurso parece querer de alguma forma a atingir o outro. Um pequeno exemplo se encontra na descrição que Suzanne faz a uma amiga da conversa que teve com o marinheiro americano logo depois de fazerem sexo. Ele:“Obrigado”, ela :“não tem de que, foi de graça”. A única explicação para tal troca de diálogos nesse momento é o desejo mútuo de ferir um ao outro e a si próprio, desejo esse que se espalha por todo o filme. Pascal Bonitzer, na sua crítica a Aos Nossos Amores, traça um paralelo bastante útil entre o ressentimento em Pialat e Nietzsche, na maneira como em ambos ele reside sem a necessidade de se buscar uma razão inicial.

O clima chega ao ápice justamente instantes antes da chegada do pai. A partir dali tudo se torna nebuloso, muito pela decisão de Pialat de escalar a si próprio na figura do pai. Excelente ator, Pialat antes disso jamais havia colocado a si mesmo em cena. Sua presença na imagem cria uma camada extra de crueldade a seqüência, como se o cineasta tivesse adentrado ao quadro para poder melhor maltratar seus atores, tornando dessa forma o discurso do pai mais ambíguo nas suas implicações. O pai entra como um trator, retomando o espaço que abdicara ao abandonar a família, brigando com a esposa e depois se concentrando em agredir verbalmente o filho – apesar de todas as cenas de ataque físico do filme, esta cena de assalto verbal é de certo a mais violenta – até entrar na sua explicação para as últimas palavras de Van Gogh (a tristeza sempre durará): “vocês são os tristes, tudo o que vocês fazem é triste“. È nesse momento que Pialat finalmente questiona Bonnaire, que até então parecia marginalizada em cena. É importante observar aqui como a seqüência toda é filmada. O pai esta sentado de um lado da mesa enquanto o resto da família se encontra do outro (com exceção da mãe, que está próxima ao pai mas é excluída pelo quadro fechado). A cena quase toda é filmada em plano e contraplano, com o contraplano dando ênfase em quem o pai esta atacando -com exceção dos planos do irmão, onde a disposição no quadro de Bonnaire a ressalta -, mas isto somente até a filha ser invocada e Pialat pela primeira vez optar por fazer a câmera percorrer a mesa. A seguir a situação é levada ao limite, com a família toda sendo puxada para o mesmo plano, com destaque em particular para dois contraplanos, um do marido de Bonnaire e outro dos demais convidados (nenhum dos quais volta a dividir o quadro com os membros da família). São justamente estes dois planos, somados à posição estranha que Sandrine Bonnaire – a protagonista do filme que aparenta sumir no seu clímax –, que nos dão as chaves para compreender o circulo vicioso de dor e ressentimento imposto até ali. Há em Maurice Pialat algo que podemos definir como a ética do contraplano, a ética da testemunha, daquele que observa (que obviamente inclui o espectador). Daí Sandrine Bonnaire – que é ao mesmo tempo presença física marcante em diversos planos da seqüência, mas a primeira vista desimportante para a ação – ser na verdade sua figura central. É a ela que o pai fala, que seu olhar busca, que sua câmera – lembrando que o pai também é o cineasta – vai privilegiar e por fim buscar. A testemunha será aquela que precisará lidar com os efeitos da situação, nunca um júri do que vê, mas uma figura que precisa aprender a se tornar ativa no final do processo. Uma porta de saída. A última imagem do filme é justamente essa, uma porta de saída, ainda que incerta.

 

 

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Travelling Light (Gina Telaroli, 2011)

TL3

É um filme simples que já se explica muito bem pelo seu título. Há dois elementos de cena que se destacam: movimento e luz. Planos raramente soam estáticos, mesmo quando a câmera se encontra em repouso a ideia de dinamismo da viagem segue sempre em primeiro plano, o trem, os passageiros, a luz, os planos de Travelling Light seguem sempre agitados.  Na outra ponta esta luz verdadeira protagonista cujas alterações ao longo da viagem de trem de Nova York a Pittsburgh acompanhamos. Observando-a no filme há algo de fúnebre que aos poucos tom conta dele, um lembrete de que o cinema esta sempre registrando uma ação que desapareceu que o que vemos é gravação é a impressão digital de uma luz que ficou lá atrás. É bem interessante considerar que Travelling Light nasceu das ruinas de um outro filme, ainda mais que este outro filme fosse uma tentativa de ficção, até como um lembrete de que o espaço que separa como respondemos ao experimental e a ficção é bem menor do que a convenção sugere (algo reforçado pela consciência que o filme revela de toda a longa história de trens no cinema). Este é o segundo filme longo de Gina Telaroli, mas o que ele me trouxe a mente foram dois filmes crepusculares de mestres em fim de carreira Age Is… do Stephen Dowskin e Educação Sentimental do Julio Bressane, o que os três tem em comum é o mesmo testemunho das fragilidades do cinema num momento vital do seu desenvolvimento.

Travelling Light segue em cartaz até domingo no site da Lumiere e recomendo muito que se separe uma hora para ele.

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Os filmes que não vieram

Tirez la Langue, Mademoiselle, de Axelle Ropert

Tirez la Langue, Mademoiselle, de Axelle Ropert

Desde que a Mostra instituiu a exclusividade em 2011, ouço muitas reclamações de que a programação daqui piorou por conta dos filmes que só foram ao Rio, e quando isto acontece sempre gosto de apontar que os nossos festivais (e incluo ai o Indie que a cada ano compete mais na seleção de filmes relevantes) não conseguem dar conta da produção do ano e é um erro assumir que só por passar duas semanas no Rio e outras duas em São Paulo se pode sair com um painel completo da produção recente. Então no espírito dos artigos que o Eduardo Valente costuma escrever na Contracampo listo aqui trinta filmes novos e duas restaurações que começaram a circular desde Novembro do ano passado e seguem inéditos nos cinemas brasileiros. Como critério os filmes tem menos de um ano, mais de 30 minutos (o que excluiu muita coisa de experimental) e não estarem programados para chegar aos nossos cinemas em breve.

Une Autre Vie… (Emmanuel Mouret)
Bnsf (James Benning)
Consequence (Thomas Heise)
Un Conte de Michel de Montaigne (Jean-Marie Straub)
Costa de Morte (Lois Patino)
Drug War (Johnnie To)
A Field in England (Ben Wheatley)
How to Disappear Completely (Raya Martin)
Ip Man the Final Fight (Herman Yau)
La Jalousie (Philippe Garrel)
Marfa Girl (Larry Clark)
Journey to West (Stephen Chow)
Los Angeles Red Squad (Travis Wilkerson)
Out-Takes from the Life of a Happy Man (Jonas Mekas)
P3ND3J05 (Raul Perrone)
Pays Barbare (Yervant Ginikian, Angela Ricci-Luchi)
Se Eu Fosse Ladrão… Roubava (Paulo Rocha)
A Spell to Ward off the Darkness (Ben Russel, Ben Rivers)
Stemple Pass (James Benning)
R100 (Hitoshi Matsumoto)
Three Landscapes (Peter Hutton)
Three Intrepetation Exercises (Cristi Puiu)
Tirez la langue, mademoiselle (Axelle Ropert)
Tonerre (Guillaume Brac)
Tricked (Paul Verhoeven)
Tutto Parla de Ti (Alina Marazzi)
La Ultima Pelicula (Raya Martin, Mark Peranson)
The Unity of All Things (Alexander Carver, Daniel Schimdt)
Young Detective Dee (Tsui Hark)
Yumen (JP Sniadecki)
+
San Diego Surf (Andy Warhol, Paul Morrissey)
Sorcerer (William Friedkin)

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Mostra de SP

Norte, o Fim da História, de Lav Diaz

Norte, o Fim da História, de Lav Diaz

Como fiz com o Rio minha lista de recomendações da Mostra. A primeira parte tem as minhas recomendações mais fortes, a segunda depende mais dos interesses de cada um. Além disso, a Mostra tem o diferencial de uma sessão mais rica e variada de filmes históricos. Recomendo muito a retrospectiva do Lav Diaz, para mim um dos grandes cineastas em atividade, listei seu trabalho novo na relação abaixo, mas recomendo muito Evolução da Familia Filipina, Morte na Terra de Encantos e o Século do Nascimento. Vale muito a pena também as cópias novas de Providence (Resnais), A Empregada (Kim) e O Deserto dos Tártaros (Zurlini).

Lista A
3x3D (Jean-Luc Godard, Peter Greenaway, Edgar Pêra) – pelo Godard somente
Cães Errantes (Tsai Ming-liang)
Centro Histórico (Manoel De Oliveira, Aki Kaurismaki, Pedro Costa,Victor Erice)
Cortinas Fechadas (Jafar Panahi, Kambuzia Partovi)
E Agora? Lembra-me (Joaquim Pinto)
*Educação Sentimental (Julio Bressane)
*O Grande Mestre (Wong Kar-wai)
Lukas o Estranho (John Torres)
Manakamana (Stephanie Spray e Pacho Velez)
Norte, o Fim da História (Lav Diaz)
Redemption (Miguel Gomes)
Rumo a Madri (Sylvain George)
Um Toque de Pecado (Jia Zhang-ke)
The Wind Rises (Hayao Miyazaki)

Lista B
Amor Plastico e Barulho (Renata Pinheiro)
Avanti Popolo (Michael Wahrmann)
O Bacanal Do Diabo e Outras Fitas Proibidas de Ivan Cardoso (Ivan Cardoso)
*A Bala Sumiu (Chi-leung Law)
Child’s Pose (Calin Peter Netzer)
Club Sandwich (Fernando Eimbecke)
Confissão de Assassinato (Jung Byung-Gil)
The Deep (Baltasar Kormákur)
Depois da Chuva (Claudio Marques, Marilia Hughes)
Double Play (Gabe Klinger)
Escudo de Palha (Takashi Miike)
*Espadas Voadoras ( Tsui Hark)
O Exercício do Caos (Frederico Machado)
Exilados do Vulcão (Paula Gaitan)
Uma Familia em Tóquio (Yoji Yamada)
Um Filho Seu (Jacques Doillon)
A Fuller Life (Samantha Fuller)
Grand Central (Rebecca Zlotowski)
A Garota de 14 de Julho (Antonin Peretjatko)
Grisgris (Mahamat-Saleh Haroun)
Inside Llewlyn Davis (Joel e Ethan Coen)
O Intrépido (Gianni Amelio)
Jovem Infrator (Kang Yi Kwan)
Lições de Harmonia  (Emir Baigazin)
O Lobo Atras da Porta (Fernando Coimbra)
Minhas Sessões de Luta (Jacques Doillon)
Morro dos Prazeres (Maria Augusta Ramos)
Mouton (Marianne Pistone, Gilles Deroo)
A Mulher do Policial (Philip Gröning)
Noite em Claro (Jang Kun-Jae)
Olhos Frios (Joh Ui-Seok, Kim Byeong-Seo)
Pais e Filhos (Hirokazu Kore-Eda)
Prince Avalanche (David Gordon Green)
Que Estranho se Chamar Federico (Ettore Scola)
O Rio nos Pertence (Ricardo Pretti)
Riocorrente (Paulo Sacramento)
Segurança Nacional  (Chung Ji-Young)
Suzanne (Katell Quillévéré )
O Uivo da Gaita (Bruno Safadi)

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Festival do Rio

Blind Detective, de Johnnie To e Wai Ka Fai

Blind Detective, de Johnnie To e Wai Ka Fai

A pedidos um post com recomendações para o Festival do Rio. Dividido em dois blocos. Os filmes já vistos vem acompanhado de asterisco. Resolvi excluir os filmes da Premiere Brasil já que ela funciona quase como um festival à parte.

Lista A
*O Ato de Matar, de Joshua Oppenheimer
Até que a loucura nos Separe, de Wang Bing
Bastardos, de Claire Denis
Blind Detective, de Johnnie To e Wai Ka Fai
Em Berkeley, de Frederick Wiseman
Um Estranho no Lago, de Alan Guiraudie
A Filha de Ninguem, de Hong Sang-soo
A Garota de Lugar Nenhum, de Jean-Claude Brisseau
*A Gatinha Esquisita, de Ramon Zürcher
O Imigrante, de James Gray
Night Moves, de Kelly Reichardt
Our Sunhi, de Hong Sang-soo
*Outrage Beyond, de Takeshi Kitano
Real, de Kiyoshi Kurosawa
Tip Top, de Serge Bozon
O Ultimo dos Injustos, de Claude Lanzmann

Lista B
Abuso de Vuneravel, de Catherine Breillat
Backwater, de Shinji Ayoama
*Behind the Candelabra, de Steven Soderbergh
Computer Chess, de Andrew Bujalski
O Conhecido Desconhecido, de Errol Morris
Corredor da Morte: Retratos, de Werner Herzog
A Dança da Realidade, de Alejandro Jodorowsky
A Estação de Rádio, Nicolas Philibert
Gerantophilia, de Bruce La Bruce
O Gigante Egoista, de Clio Barnard
A Imagem que Falta, de Rithy Pahn
Joe, de David Gordon Green
Jovem e Bela, de François Ozon
Lacrau, de João Vladimiro
Layla Fourie, de Pia Marais
Manuscritos Não Queimam, Mohammad Rasoulof
Meia Sombra, de Nicolas Wackerbarth
Nós Somos os Melhores, de Lukas Moodysson
Only Lovers Left Alive, de Jim Jamursch
Ouro, de Thomas Arslan
Porque Você não vai brincar no Inferno?, de Sion Sono
Quando a noite cai em Bucareste, Corneliu Paramboiu
Quando Eu Era Sombrio, de Matthw Porterfield
Sacro Gra, de Gianfranco Rosi
Sapi, de Brillante Mendoza
Sonhos Americanos na China, de Peter Chan
Sozinha, de Wang Bing
*Spring Breakers, de Harmony Korine
Terra Prometida, de Gus Van Sant
Vic + Flo viram um Urso, de Denis Coté
Vosso Ventre, de Brillante Mendoza

Resolvi excluir os filmes da Premiere Brasil já que ela funciona quase como um festival à parte. O Bressane estaria na Lista A e tem mais uns oito títulos que me interessam bastante (metade deles no Novos Rumos, quase inacessíveis, já que Festival desistiu de tentar programar a seção).

Também recomendo a retrospectiva de Alain Guiraudie que é um grande cineasta e a muito bem curada Mostra a Escola de Berlim que incluí um bom número de filmes fortes (meus favoritos:  Yella, Nas Sombras, Todos os Outros e Algo Melhor do que a Morte).

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Jacques Rivette no CCBB

Celine e Julie vão de Barco

Celine e Julie vão de Barco

Já começou no Rio e a partir de semana que vem chega a São Paulo a melhor retrospectiva do ano por aqui: Jacques Rivette – Já não somos inocentes.

Não chega a ser completa (há a ausência grave de Out 1 Noli mon Tangere e além disse falta também pelo menos Divertimento versão curta de A Bela Intrigante), mas mesmo assim há uma dúzia de grandes filmes e inclusive varios que nunca circulam por aqui como Amor Louco, Duelle e Noroeste. Não sou fã da sala do CCBB, mas se há uma retrospectiva este ano que justifica acampar numa sala de cinema é esta.

Abaixo a programação em São Paulo:

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Mostra

Por conta dos pedidos de amigos um post de recomendações da Mostra. Dividi-as desta vez em cinco listas. A primeira com os 10 filmes que acho todos deveriam ver na Mostra de qualquer jeito, a segunda é de outros que recomendo com mais força e a terceira tem outros filmes de interesse que dependem mais das preferências de cada um. Depois duas listas de brasileiros que equivalem às listas 2 e 3.

Alem disso a Mostra contém quatro retrospectivas. A do Andrei Tarkovski dispensa apresentações, o máximo que pode se dizer contra ela é que os filmes do Tarkovski reaparecem em película com mais frequência do que as retros habituais da Mostra. Não conheço Minoru Shibuya, mas amigos que conhecem mais a fundo cinema japonês recomendam. Há duas retrospectivas de cineastas contemporâneos, não tenho grande interesse na de Sergei Losnitza, mas para quem não conhece a de Miguel Gomes é im perdível, são só 3 longas e um programa de curtas, mas todos são muito recomendáveis (podferiam ter aproveitado e montado um segundo programa com outros curtas da O Som e A Fúria, qualquer desculpa para passar Repace é sempre justificável).

Entre as sessões de clássicos, destaque maior para a sessão em homenagem ao Carlão Reichenbach com o seu Alma Corsária em sessão dupla com um dos seus filmes favoritos Raros Sonhos  Flutuantes do Eizo Sugawa. Haverá ainda homenagens aos 50 anos da Positif (com exibição de Muriel e Os Deuses e os Mortos), Chris Marker (que também terá o seu ótimo documentário sobre Tarkovski exibido escondido num dos programas de docs sobre ele). Entre as cópias restauradas, se mencionará muito Era uma Vez no Oeste, Tubarão e Lawrence da Arabia, mas imperdível mesmo será o Coronel Blimp, da dupla Powell/Pressbuger, que é só o melhor filme da história do cinema inglês.

25/11 O DIA EM QUE MISHIMA ESCOLHEU O SEU DESTINO (11.25 JIKETSU NO HI: MISHIMA YUKIO TO WAKAMONO-TACHI), de Koji Wakamatsu (119′). JAPÃO
A BELA QUE DORME (BELLA ADDORMENTATA), de Marco Bellocchio (115′). FRANÇA, ITÁLIA.
APRÈS MAIS (APRÈS MAI), de Olivier Assayas (122′). FRANÇA.
BARBARA (BARBARA), de Christian Petzold (105′). ALEMANHA.
ESTUDANTE (STUDENT), de Darezhan Omirbayev (90′). CAZAQUISTÃO.
LA NOCHE DE ENFRENTE (LA NOCHE DE ENFRENTE), de Raúl Ruiz (110′). FRANÇA, CHILE.
O GEBO E A SOMBRA (O GEBO E A SOMBRA), de Manoel de Oliveira (91′). PORTUGAL.
OUTRAGE: BEYOND (AUTOREIJI: BIYONDO), de Takeshi Kitano (112′). JAPÃO.
TABU (TABU), de Miguel Gomes (119′). PORTUGAL, ALEMANHA, BRASIL, FRANÇA.
UM ALGUÉM APAIXONADO (LIKE SOMEONE IN LOVE), de Abbas Kiarostami (109′). FRANÇA, JAPÃO.

10+10 (10+10), de Vários (107′). TAIWAN.
A GLÓRIA DAS PROSTITUTAS (WHORE´S GLORY), de Michael Glawogger (110′). ALEMANHA, ÁUSTRIA.
ABENDLAND (ABENDLAND), de Nikolaus Geyrhalter (90′). ÁUSTRIA.
ALÉM DAS MONTANHAS (DUPA DEALURI), de Cristian Mungiu (155′). ROMÊNIA.
BALLET AQUATIQUE (BALLET AQUATIQUE), de Raúl Ruiz (50′). FRANÇA.
HANNAH ARENDT (HANNAH ARENDT), de Margarethe von Trotta (113′). ALEMANHA.
INGRID CAVEN, MÚSICA E VOZ (INGRID CAVEN, MUSIQUE ET VOIX), de Bertrand Bonello (95′). FRANÇA.
JOVENS DE PEQUIM (BEIJING FLICKLERS), de Yuan Zhang (96′). CHINA.
LINHAS DE WELLINGTON (LES LIGNES DE WELLINGTON), de Valeria Sarmiento (151′). FRANÇA, PORTUGAL.
LONGE DO AFEGANISTÃO (FAR FROM AFGHANISTAN), de John Gianvito, J. Jost, M. Martin,Soon-Mi YooT. Wilkerson (120′). ESTADOS UNIDOS.
MEMORIES LOOK AT ME (JI YI WANG ZHE WO), de Song Fang (91′). CHINA.
MYSTERY (MYSTERY), de Lou Ye (98′). CHINA, FRANÇA.
NA NEBLINA (V TUMANE), de Sergei Loznitsa (127′). ALEMANHA, RÚSSIA, LETÔNIA, HOLANDA , BIELORÚSSIA.
NO (NO), de Pablo Larraín (115′). CHILE, FRANÇA, ESTADOS UNIDOS.
O LAGO BALATON (NÉMET EGYSÉG@BALATONNÁL – MÉZFÖLD), de Péter Forgács (79′). HUNGRIA.
PARA ELLEN (FOR ELLEN), de So Yong KIM (94′). ESTADOS UNIDOS.
PERDER A RAZÃO (A PERDRE LA RAISON), de Joachim Lafosse (114′). BÉLGICA, LUXEMBURGO, FRANÇA, SUÍÇA.
POSTCARDS FROM THE ZOO (KEBUN BINATANG), de Edwin (95′). INDONÉSIA, ALEMANHA, HONG KONG.
REALITY (REALITY), de Matteo Garrone (115′). ITÁLIA, FRANÇA.
TIRO NA CABEÇA (HEADSHOT), de Pen-Ek Ratanaruang (105′). TAILÂNDIA, FRANÇA.

38 TESTEMUNHAS (38 TÉMOINS), de Lucas Belvaux (104′). FRANÇA.
A CAÇA (JAGTEN), de Thomas Vinterberg (115′). DINAMARCA.
A CASA (A CASA), de Júlio Alves (70′). PORTUGAL.
A CULPA DO CORDEIRO (LA CULPA DEL CORDERO), de Gabriel Drak (81′). URUGUAI.
A FEITICEIRA DA GUERRA (REBELLE), de Kim Nguyen (90′). CANADÁ.
A PARTE DOS ANJOS (THE ANGEL´S SHARE), de Ken Loach (101′). REINO UNIDO, FRANÇA, BÉLGICA, ITÁLIA.
ALPES (ALPEIS), de Yorgos Lanthimos (93′). GRÉCIA
ANTIVIRAL (ANTIVIRAL), de Brandon Cronenberg (110′). CANADÁ.
AQUI E ALI (AQUÍ Y ALLÁ), de Antonio Mendez Esparza (110′). ESPANHA, ESTADOS UNIDOS, MÉXICO.
BULLY (BULLY), de Lee Hirsch (99′). ESTADOS UNIDOS.
CANÇÃO PARA O MEU PAI (LULLABY TO MY FATHER), de Amos Gitai (82′). FRANÇA, SUÍÇA.
DEPOIS DA BATALHA (BAAD EL MAWKEAA / APRES LA BATAILLE), de Yousry Nasrallah (116′).
ENTRE O AMOR E A PAIXÃO (TAKE THIS WALTZ), de Sarah Polley (116′). CANADÁ, ESPANHA, JAPÃO.
ESTRADA DE PALHA (ESTRADA DE PALHA), de Rodrigo Areias (93′). PORTUGAL, FINLÂNDIA.
FELICIDADE (GLÜCK), de Doris Dörrie (112′). ALEMANHA.
FIM DE SEMANA EM CASA (WAS BLEIBT), de Hans-Christian Schmid (85′). ALEMANHA.
FOGO (FOGO), de Yulene Olaizola (61′). MÉXICO, CANADÁ.
IMPERDOÁVEL (IMPARDONNABLES), de André Téchiné (113′). FRANÇA.
INDIGNADOS (INDIGNADOS), de Tony Gatlif (88′). FRANÇA.
INVASION (INVASION), de Dito Tsindzadse (104′). ALEMANHA, ÁUSTRIA.
KEYHOLE (KEYHOLE), de Guy Maddin (93′). CANADÁ.
LA DEMORA (LA DEMORA), de Rodrigo Plá (84′). URUGUAI, MÉXICO, FRANÇA.
LA SIRGA (LA SIRGA), de William Vega (88′). COLÔMBIA, FRANÇA, MÉXICO.
LAURENCE ANYWAYS (LAURENCE ANYWAYS), de Xavier Dolan (159′). CANADÁ , FRANÇA.
MAR CALMO (LA MER A L´AUBE), de Volker Schlöndorff (90′). FRANÇA, ALEMANHA.
MELHOR NÃO FALAR DE CERTAS COISAS (MEJOR NO HABLAR DE CIERTAS COSAS), de Javier Andrade (100′). EQUADOR.
NA SUA AUSÊNCIA (J’ENRAGE DE SON ABSENCE), de Sandrine Bonnaire (98′). FRANÇA.
O AMANTE DA RAINHA (EN KONGELIG AFFÆRE), de Nikolaj Arcel (137′). DINAMARCA.
O CICLO (FULL CIRCLE), de Zhang Yang (104′). CHINA.
O SORRISO DO CHEFE (IL SORRISO DEL CAPO), de Marco Bechis (75′). ITÁLIA.
OS SELVAGENS (LOS SALVAJES), de Alejandro Fadel (119′). ARGENTINA.
POR ENQUANTO (MEANWHILE), de Hal Hartley (62′). ESTADOS UNIDOS.
PREENCHENDO O VAZIO (LEMALE ET HA’HALAL), de Rama Burshtein (87′). ISRAEL.
RENOIR (RENOIR), de Gilles Bourdos (101′). FRANÇA.
RIO (RIVER), de Ryuichi Hiroki (89′). JAPÃO.
SONHO E SILÊNCIO (SUEÑO Y SILENCIO), de Jaime Rosales (120′). ESPANHA, FRANÇA.
WALK AWAY RENÉE (WALK AWAY RENÉE), de Jonathan Caouette (90′). FRANÇA.

BOA SORTE, MEU AMOR (BOA SORTE, MEU AMOR), de Daniel Aragão (95′).
ELENA (ELENA), de Petra Costa (82′).
ERA UMA VEZ EU, VERÔNICA (ERA UMA VEZ EU, VERÔNICA), de Marcelo Gomes (91′).
JARDIM ATLÂNTICO (JARDIM ATLÂNTICO), de Jura Capela (90′).
JARDS (JARDS), de Eryk Rocha (93′).
LAURA (LAURA), de Fellipe Gamarano Barbosa (78′).
O QUE SE MOVE (O QUE SE MOVE), de Caetano Gotardo (97′).
O SOM AO REDOR (O SOM AO REDOR), de Kleber Mendonça Filho (131′).

A BUSCA, de Luciano Moura (96′).
A COLEÇÃO INVISÍVEL, de Bernard Attal (98′).
A FLORESTA DE JONATHAS, de Sergio Andrade (99′).
A MEMÓRIA QUE ME CONTAM, de Lúcia Murat (95′).
A ÚLTIMA ESTAÇÃO, de Marcio Curi (114′).
A ÚLTIMA PALAVRA É A PENÚLTIMA, de Evaldo Mocarzel (72′).
BALANÇA MAS NÃO CAI, de Leonardo Barcelos (77′).
CHAMADA A COBRAR, de Anna Muylaert (72′).
CINE HOLLIÚDY, de Halder Gomes (91′).
COLEGAS, de Marcelo Galvão (100′).
CORES, de Francisco Garcia (95′).
DORES DE AMORES, de Raphael Vieira (80′).
ESTADO DE EXCEÇÃO, de Juan Posada (75′).
EU NÃO FAÇO A MENOR IDEIA DO QUE EU TÔ FAZENDO COM A MINHA VIDA, de Matheus Souza (90′).
KÁTIA, de Karla Holanda (74′).
LACUNA, de André Lavaquial (73′).
NOITES DE REIS, de Vinicius Reis (93′).
NOVE CRÔNICAS PARA UM CORAÇÃO AOS BERROS, de Gustavo Galvão (93′)
O DIA QUE DUROU 21 ANOS, de Camilo Tavares (77′).
PAIXÃO E ACASO, de Domingos Oliveira (83′).
PRA LÁ DO MUNDO, de Roberto Studart (78′).
PRIMEIRO DIA DE UM ANO QUALQUER, de Domingos Oliveira (81′).
SINFONIA DE UM HOMEM SÓ, de Cristiano Burlan (93′).
SUPER NADA, de Rubens Rewald (94′).
UM FILME PARA DIRCEU, de Ana Johann (80′).
UMA HISTÓRIA DE AMOR E FÚRIA, de Luiz Bolognesi (75′).

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