
Outro dia o Gabe Klinger perguntou no Facebook quais seriam os textos de cinema favoritos dos amigos. É um bom tema para um post. Não sei porque não se faz mais destes apanhados em fim de ano.
Primeiro, alguns livros/catálogos:
Francisco Algarín Navarro, Fernando Ganzo, Moisés Granda (ed.) Lumiere No.4
Inacio Araujo, Cinema de Boca em Boca (org. Juliano Tosi)
Jonathan Rosenbaum, Goodbye Cinema, Hello Cinephilia
Tatiana Monassa (org), Clint Eastwood
Lumiere é uma revista anual espanhola. Coloca na lista porque tem mais de 400 páginas, então me parece justo coloca-la junto dos livros. A edição lida com o cinema de 2010. Ótimas entrevistas (Skolimowski, Apichatpong, Bellocchio, Guerin, etc), uma atenção especial ao experimental (pautas sobre Hutton, Lockhart, etc). Dá para baixar por pdf no site.
A recente coletânea do Inácio organizada pelo Juliano Tosi saiu no final de 2010, mas só a li este ano. Poderia ser um pouco mais ambiciosa (já quer se limita ao trabalho dele na Folha), mas é material essencial de um dos maiores críticos brasileiros.
Assim como o livro do Inácio já conhecia a maior parte do último livro do Rosenbaum (imagino que quase tudo exista no site dele), mas uma das razões pelas quais é sempre um prazer ler uma das coletâneas dele é sua habilidade como organizador: os textos ganham sempre um sentido novo nos seus livros.
Vale destacar também este belíssimo catálogo da recente retrospectiva do Clint Eastwood. Ótima seleção de textos. Acho que esta disponível para download no site também.
Vale também acrescentar alguns ótimos dossiês:
Alfred Hitchcock, Interlúdio
James Gray, Foco No.3
Monte Hellman, La Furia Umana No.8
Sergio Alpendre colocou de pé uma grande equipe de colaboradores para um dossiê exaustivo que cobre a retrospectiva completa do cineasta que tivemos este ano.
Vi gente inteligente desconsiderar o dossiê Gray da Foco por conta de um editorial (que é mesmo fraco). É tão injusto com os ótimos textos quanto o Editorial.
Por fim La Furia Umana fez um grande numero centrado na figura de Hellman. É uma edição multilíngüe (com artigos em inglês, francês, italiano e português) que vale muito a pena.
Alguns artigos soltos excepcionais que li este ano:
Adrian Martin, “Turn the Page: From Mise en Scene to Dispositif”
Bill Krohn, “Cahiers for Dummies”
Francis Vogner dos Reis, “Das Ruinas:livre reflexão a parir de duas exceções”
Inacio Araujo, “Filmes que Ninguém Compreende”
Shigehiko Hasumi,” Fiction and the ‘Unrepresentable’: All Movies are but Variants on the Silent Film”
O ensaio de Martin sobre mise en scene contemporânea é essencial.
A crítica do Krohn é uma aula de como conduzir uma demolição crítica com argumentos (o que infelizmente não é muito comum).
Este texto do Francis (sobre Os Residentes e Santos Dumont, pré Cineasta?) é o melhor artigo sobre cinema brasileiro que li este ano.
Uma grande reflexão do Inácio sobre a preguiça do espectador contemporâneo a partir de um comentário mal educado de blog.
Uma ótima provocação de Hasumi, ponto alto do excelente primeiro numero da Lola.
Ressalto também no ambito do cinema brasileiro que todos os vinte debates da mostra “Cinema Brasileiro ano 2000, 10 questões” estão disponiveis no seu site em vídeo e pdf.
Por fim vale destacar 4 belas revistas que seguiram publicando material de primeira regularmente ao longo do ano: Cahiers Du Cinema España, Cinema Scope, La Furia Umana e Miradas del Cine.




