Estranhos Prazeres não deixa de ser o exato oposto de Caçadores de Emoção: dois ótimos atores (Ralph Fiennes e Ângela Bassett) para ancora-lo e um roteiro (de James Cameron e Jay Cocks) que se esforça muito para ser esperto. Estranhos Prazeres cria um mundo próprio muito bem e até consegue usar a seu favor a primeira vista questionável decisão de colocar Fiennes e Bassett no meio de um festival de over actors (Tom Sizemore, Michael Wincott, Vincent d’Onofrio, etc.). Mais importante ele faz aquilo que todo bom sci-fi exploit devia fazer bem que é drenar o seu momento o máximo possível. Eis um filme datado no melhor sentido possível. Por outro lado, Estranhos Prazeres sofre do problema inverso ao de Caçadores de Emoções já que Cameron e Cocks se esforçam tanto para sublinhar suas pretensas idéias que o filme por vezes ameaça desmoronar sobre seu próprio peso. Se a internet tivesse o mesmo peso em 95 do que hoje, este seria um filme muito querido em blogs e fóruns por ai, ou seja dez anos depois ele seria escrito pelo David S. Goyer e isto nunca é algo bom. Eu gosto de Estranhos de Prazeres, assim como gosto de Caçadores de Emoções, mas não deixa de ser curioso como ambos acabam fragilizados por razões similares e opostas.