Estava na dúvida entre escrever sobre Amantes ou não. A esta altura fico um pouco sem ter o que dizer sobre James Gray. Seus méritos tão evidentes que parece absurdo ainda ter que defender-lo. Amantes parece ter críticas mais unânimes que outros filmes dele, talvez por não ser um policial, talvez pela relação com Dostoyevsky. Gosto de Amantes um tanto menos que de Caminho Sem Volta e Os Donos da Noite, em parte por ter uma narrativa mais interiorizada em parte por Gray se sentir mais a vontade entre famílias russas do que judias, o novo filme me parece existir num mundo mais estreito. Mas francamente isto não importa pois Amantes é muito maior que quase tudo que chegou aos nossos cinemas este ano. Gray segue de uma sinceridade que desarma – e é esta talvez seja a sua maior qualidade: Gray resgata o real valor dos sentimentos, tudo é límpido e vale exatamente o que aparenta – e de uma felicidade no trato com atores e locações raros. Agora acho uma pena que este filme passou em Cannes ao lado de A Fronteira da Alvorada já que o simples jornalístico sempre leva a aproximações entre os filmes de Cannes e a despeito de similaridades narrativas não poderiam ser filmes mais distantes.