É um filme simples que já se explica muito bem pelo seu título. Há dois elementos de cena que se destacam: movimento e luz. Planos raramente soam estáticos, mesmo quando a câmera se encontra em repouso a ideia de dinamismo da viagem segue sempre em primeiro plano, o trem, os passageiros, a luz, os planos de Travelling Light seguem sempre agitados. Na outra ponta esta luz verdadeira protagonista cujas alterações ao longo da viagem de trem de Nova York a Pittsburgh acompanhamos. Observando-a no filme há algo de fúnebre que aos poucos tom conta dele, um lembrete de que o cinema esta sempre registrando uma ação que desapareceu que o que vemos é gravação é a impressão digital de uma luz que ficou lá atrás. É bem interessante considerar que Travelling Light nasceu das ruinas de um outro filme, ainda mais que este outro filme fosse uma tentativa de ficção, até como um lembrete de que o espaço que separa como respondemos ao experimental e a ficção é bem menor do que a convenção sugere (algo reforçado pela consciência que o filme revela de toda a longa história de trens no cinema). Este é o segundo filme longo de Gina Telaroli, mas o que ele me trouxe a mente foram dois filmes crepusculares de mestres em fim de carreira Age Is… do Stephen Dowskin e Educação Sentimental do Julio Bressane, o que os três tem em comum é o mesmo testemunho das fragilidades do cinema num momento vital do seu desenvolvimento.
Travelling Light segue em cartaz até domingo no site da Lumiere e recomendo muito que se separe uma hora para ele.