Uma espécie de filme de golpe no qual Johnnie To e sua equipa da Milkyway viajam a China para tentar realizar um filme policial nos seus termos diante dos olhar austero da censura chinesa e sobrevivem com poucas feridas. A imagem do gangster da China continental solta nas ruas de Hong Kong rebatida muitas vezes desde o The Long Arm of the Law (1984) é revertida com várias figuras carimbadas de To adicionando cor num filme de investigação e procedimento ademais muito sóbrio. É o filme mais hawksiano de To da maneira como personagem é visto através de ação (nenhum dos policiais chineses é permitido qualquer história, existem somente para o trabalho e destinados a desaparecer tão logo sua função no filme seja cumprida) e como de forma bem consciente o filme retoma partes distintas da obra do cineasta dos filmes de grande equipe policial (o fantasma de Expect the Unexpected assombra toda a ação) e da série Eleição. Drug War adia sua ação ao máximo substituindo por umasériede cenas que apostam no acumulo de detalhes para elevar tensão até que a violência finalmente emerge levando consigo cada corpo que passou diante do olhar na câmera na hora anterior. Uma narrativa de infecção, depois que que a guerra do título esta na suas veias não a saída possível mas a da morte violenta. Pode-se até dizer que o filme é um longo pesadelo do condenado a morte (o filme todo se sustenta no fato que o trafico de drogas seja punido na China com a pena de morte). To sucede porque ele e seus atores (e aqui vale uma menção extra ao grande Sun Hong-lei numa das melhores atuações físicas do cinema contemporâneo, o homem literalmente faz de tudo no filme) recém um painel pálido e regido e consegue encontrar nele uma série de espaços e variações inesperadas (há, por exemplo, uma cena muito peculiar em que um personagem quase tem uma overdose que parece existir somente para puxar ao limite o que um filme como este pode registrar) e também encontram o balanço certo de ambiguidade moral.