
Star of David, de Norifumi Suzuki
Seguindo o tirar o atraso, amanhã tem mais uma.
Five Star Final (Mervyn LeRoy, 1931)
Denúncia sobre o sensacionalismo da impressa no começo dos anos 30. Filme importante, elogiadíssimo na época como exemplo de cinema responsável e relevante. É um apanhado de gatos desequilibrado entre um típico filme de jornal do começo dos anos 30 (um verdadeiro gênero à época) e uma peça moralista super determinista. LeRoy provavelmente teve acesso ao Edward G. Robinson, como o editor que topa tudo pela circulação, por não mais que uns 3-4 dias já que ele passa 90% das cenas dele sentado atrás da mesa. Alguns dos closes tem uma qualidade caustica, apesar de suspeitar que o temperamento de LeRoy está bem mais próximo dos jornalistas que o filme faz crer. No geral visto hoje, fica a curiosidade de ver como o jornalismo impresso sempre esteve em crise e a certeza de que Hollywood esta a tentar passar este tipo de tolice hipócrita como denuncia relevante desde sempre. O tempo passa, as coisas seguem iguais, em suma.
Torrent of Desire (Lo Chen, 1969)
Shaw Bros em 1969 refilmando na cara dura Palavras ao Vento (sério a Universal e os roteiristas podiam procsessar). É Hong Kong no fim dos anos 60, então o filme se fecha mais na ideia de uma virilidade desencontrada, de um excesso de sexualidade descontrolada. A suposta impotência do marido rico a segurar o rifle fálico do papai o símbolo maior da elite infeliz e sem saída que o filme retrata. O diretor Lo Chen não é um Douglas Sirk é óbvio, mas o filme é visualmente caprichado e de um excesso e sem-vergonhice que complementam os sentimentos infelizes de todos em cena, um bom aluno do mestre.
Fang in the Hole (Seijun Suzuki, 1979)
Poucos viram, mas depois de ser demitido da Nikkatsu, Seijun Suzuki não passou a década posterior em sabático por completo, mas fez alguns filminhos para a TV japonesa. Este de 79, um mistério de 45 minutos escrito pelo seu parceiro habitual Atsushi Yamatoya é uma pérola. Um whodunit onde a questão é como tanto como o quem. Um crânio perfurado sem respostas. Tem um clima sobrenatural a despeito da investigação terrena e Suzuki capricha na estética agressiva, o uso de verde é ótimo. Um meio termo entre seu trabalho dos anos 60 e a trilogia Taisho que começaria no ano seguinte.
The Secret (Ann Hui, 1979)
A muitos anos este filme da Ann Hui é um favorito meu, o que torna ainda mais triste que ele siga disponível no ocidente só num LCDRip muito vagabundo. Primeiro longa dela, retirado direto de um crime brutal da crônica policial da época sobre o qual o filme circunda especulando as motivações. Mas o que importa não são os jogos narrativos ou mesmo o crime em si, mas o sentimento que o filme exala, um mal estar profundo da sociedade de Hong Kong. É cheio de variações de clima e cortes inesperados. É fácil compreender porque ele segue longe do home vídeo já que é muito desagradável. A obra da Ann Hui merece ser melhor vista e aqui está uma chave essencial e mais confrontadora que o costume.
Star of David: Hunting for Beautiful Girls (Norifumi Suzuki, 1979)
Falando em confrontador eis um filme desagradável até para os padrões do pinku, que é um dos gêneros mais desagradáveis que existem. Um festival de taras e perversões que deixaria Sade orgulhoso. Atsushi Yamatoya escreveu este aqui também e como sempre ele tem mais em mente do que mero choque, dentro da câmera de horrores do nosso “heroí” passa toda uma história de privilégios, negações e violência reprimida da sociedade japonesa. O vomito grotesco do filme circula o fato dos japoneses nunca terem exorcizado sua relação com o fascismo. Um Saló sem qualquer possível distanciamento intelectual. Norifumi Suzuki, um especialista exploit, dirige de forma direta e sem meio tons.
Flamengo Paixão (David Neves, 1980)
Sobre a paixão intoxicante que o esporte provoca. O Flamengo é ao mesmo tempo o dado mais e menos relevante do filme. O mais porque só um clube de massa passando por um grande momento como aquele poderia estar no centro deste filme. E o menos pois é sobre um sentimento de torcedor que ultrapassa em muito a barreira clubista, motivo pelo qual envelheceu tão bem, não é preciso ser flamenguista para ficar emocionado. Em tempo, David Neves era vascaíno.