Alguns Filmes da Semana (13 a 19/1)

Killers on Parade

Vou tentar ao longo do ano fazer uns posts semanais a partir de alguns filmes vistos naa semana anterior. É um pedido velho de alguns leitores e vamos ver se consigo manter com alguma regularidade.

Killers on Parade (Masahiro Shinoda, 1961)

Um exemplar típico daquela parcela de filmes de gênero japoneses dos anos 60 realizados por nomes ligados ao cinema novo local. Você percebe os elementos de gênero, mas o filme não podia se preocupar menos com elas. O filme de assassino acaba virando uma comédia à Jerry Lewis completa com números musicais. Shinoda, trabalhando a partir de um roteiro do Shuji Terayama, lança mão de cada recurso que tem em mãos. Um filme extremamente refrescante, se menos obviamente pessoal que os trabalhos posteriores de Shinoda.

Trapeze Girl (Ko Nakahira, 1967)

Vi a esta altura mais filmes que Nakahira realizou para a Shaw Brothers na segunda metade dos anos 60 como cineasta de contrato do que sua fase mais aclamada no começo da carreira no Japão. Geralmente seus filmes para Shaw revelam seu bom senso visual mesmo que os melodramas e sub James Bonds não lhe dissessem grande coisa. Parte do prazer de descobrir este Trapeze Girl, um melodrama de circo sobre uma garota pobre que quer se tornar trapezista, é justamente que ele revela um lado cru que estes outros filmes de Hong Kong de Nakahira não passavam por.

The Window (Patrick Lung Kong, 1968)

Se Patrick Lung Kong é lembrado hoje é pelo seu filme anterior a The Window, The Story of a Discharged Prisoner ser a principal inspiração para Alvo Duplo do John Woo. Este The Window é bastante similar aquele, novamente temos um ex-presidiário vivido por Patrick Tse tentando se endireitar e as impossibilidades dele.  Só que se no filme anterior Tse saia da cadeia pronto para deixar o crime para trás, aqui a redenção surge a partir da culpa e do desejo de compensar cuidando da filha cega da sua vítima. O filme anterior era um melodrama social, este é marcado pelo catolicismo torturado do diretor, é notável que o filme se revele menos como romance que a premissa sugere como num filme sobre uma relação co-depedente. Devo notar que é um dos melhores papeis de Josephine Siao que eu considero a maior atriz de Hong Kong.

Rua São Bento, 405 e Campos Elíseos (Ugo Giorgetti, 1976/1978)

Um dos achados dessa semana foi o Francis Vogner indicar um canal de You Tube da Emplasa, estatal de planejamento urbano cheio de curtas documentais sobre o tema. Muito material rico e entre a meia dúzia que assisti destacaria estes dois dirigidos pelo Ugo Giorgetti no começo da carreira (o primeiro sobre o edifício Martinelli, o segundo sobre o bairro título). O cinema de ficção do Giorgetti sempre se marcou por um decadentismo e um humor amargo sobre uma São Paulo que desaparecia e é fascinante observar nestes dois filmes justamente ver não só como todo o mote do urbanismo decadente de São Paulo já era visível naquele altura, mas como ele pode dispensar dos adornos ficcionais e ir direto a fonte. Dois documentários bem duros e fascinantes.

O Destino de uma Nação (Joe Wright, 2017)

Os dois filmes que este me fez lembrar foram Lincoln do Spielberg e o Steve Jobs do Danny Boyle e é uma pena que ele está bem mais próximo do segundo (outro exercício de filme sobre grande homem conduzido por um estilista pastel de vento inglês fazendo o possível para deixar a cinebio algo cinematográfico). Há muito pouco aqui do tato e facilidade dramática de Lincoln, mas dentro deste universo de filme de Oscar certamente está longe dos piores, salvo por aquela cena constrangedora de Churchill no metro. Mas o quer eu mais pensei vendo o filmer não foi ele em si, mas no ano cinematográfico inglês e como entre este film, seu contracampo Dunkirk e Victoria e Abdul do Frears foi um ano pós Brexist foi por lá um ano rico em nostalgia imperialista pós imperialista.