A Invenção de Hugo Cabret (Martin Scorsese)

O melhor Scorsese em cerca de uma década se longe de um filme perfeito.  A primeira metade em particular é muito forte e alcança uma imersão que os filmes dele muito procuraram sem sucesso. É um tanto inflado demais (a esta altura mau vale apena reclamar disso) e por vezes na segunda metade o tratado sobre preservação atropela a dramaturgia. Talvez este seja o elemento mais interessante do filme (junto da perversidade de fazer um filme 3D sobre preservação), de certa forma mais do que qualquer filme pensei  no Southern Rock Opera do Drive By Truckers um álbum conceitual sobre rock sulista e Lynyrd Skynard que por vezes sugere uma peça de critica musical mais do que álbum exatamente.  Nunca restam duvidas de que Hugo tenha uma idéia bem clara do cinema que retoma, mas as vezes tem dificuldades enormes de se expressar sobre elas. Muito do Scorsese recente tem uma relação de camisa de força doentia com história do cinema (de certa forma é do que Shutter Island trata, mas até hoje tenho duvidas se não termina só um filme doente) e agrada aqui justamente como o filme é sincero nos pontos em que um O Aviador por vezes soava calculado em excesso. Talvez porque Scorsese artista hoje seja escravo da idéia “Scorsese” e único elemento positivo disso seja justamente o quanto isso beneficia os esforços dele para preservação, um  filme sobre o assunto termine natural no lugar de outro passeio forçado no museu que ele construiu para si mesmo.

4 Comentários

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4 Respostas para “A Invenção de Hugo Cabret (Martin Scorsese)

  1. Essa relação com a história do cinema nunca foi necessariamente tão explícita quanto neste filme. Nos outros, considero mais citações de um diretor cinéfilo que não consegue se conter.

  2. o tratamento dele dessa relação com a história do cinema é que é doente,e transforma os últimos dele em filmes doentes ( não no sentido “positivo que o Truffaut assinalava). é doente no sentido de vampiresca, parasitária, não “exorcista- vacina”. precisa de mais cortisona o rapaz.

  3. Nunca imaginei Scorsese dirigindo um filme família.

    Hugo é um filme agradável e deixa ainda mais claro o lado cinéfilo do cineasta para as novas gerações.

    Parabéns pelo blog, já estou seguindo.

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