O Artista não é especialmente melhor ou pior que os dois OSS, pastiches/parodias de filmes de espionagem que Hazanavicius realizou antes deste O Artista, nem mesmo especialmente mais ambicioso a parte tecnicamente. Como naqueles filmes tudo depende do charme de Jean Dujardin e de 3 ou 4 seqüências mais elaboradas que Hazanavicius prepara com cuidado. É como aqueles filmes uma mediocridade agradável. O que por sinal significa que é melhor que a maioria dos filmes da temporada do Oscar, eu definitivamente tenho muito mais chances de parar e ver uns 15 minutos dele na TV numa madrugada do que 15 segundos de Os Descendentes. Dito isso, me impressiona muito como trata-se de um triunfo de um maneirismo técnico completamente desprovido de um olhar. Não é que O Artista seja um filme mudo para pessoas que nunca viram um filme mudo, é que o filme sugere que o próprio Hazanavicius nunca assistiu um antes de para por uns dois dias para estudá-los superficialmente para seu filme. Não há um plano aqui que sugira uma compreensão básica do apelo destes filmes. Não surpreende que aqui não existam cinemas mudos, mas uma massa genérica chamada cinema mudo ou que o filme como um todo só consiga sugerir uma idéia de nostalgia completamente deslocada dos filmes que supostamente homenageia (Hazanavicius é de certa forma o anti-Peter Bogdanovich). Sua precisão no recriar parece querer substituir a intimidade que lhe falta.
Para quem se interessou por este O Artista, recomendo checar Juha do Aki Kaurismäki.