Melhores de 2009 IV

20) Ruhr (James Benning)

Primeiro filme do Benning filmado fora dos EUA se propõe a um retrato da região homônima um dos principais centros industriais da Alemanha. São só 7 planos de durações variadas (aviso: o último dura uma hora) cada um com um peso especifico e voltado para um aspecto diferente da região.

19) O Pai dos Meus Filhos (Mia Hansen-Love)

Escrevi sobre este na Cinética e não tenho muito a acrescentar, mas é um filme muito potente sobre presença.

18) Entre os Muros da Escola (Laurent Cantet)

Pobre Cantet sofre sempre porque seus “temas sociais” dominam terminam por dominar as discussões sobre seus filmes, Entre os Muros da Escola está muito mais para Rivette do que Tavernier, mas ninguém diria isso pelas críticas que o filme recebeu (elogiosas, inclusas). Como uma série de auto-ficções o filme é exemplar no trato com seu jovem elenco.

17) Inimigos Públicos (Michael Mann)

Para Mann a idéia de filme histórico pouco tem a ver com o “baseado em fatos reais”. Todos os fatos de Inimigos Públicos são da ordem material (lugares, roupas, objetos) e existem para serem devolvidos ao mito e ao melodrama. É como se Mann estivesse fascinado pela idéia de dissolver o concreto no abstrato e dali extrair outra representação que só possa existir eternizada na imagem. Não surpreende que um dos elementos mais memoráveis do filme seja a luz dos disparos de metralhadora e o som que os acompanha.

16) Amantes (James Gray)

Talvez o que de mais gratificante ocorreu no cinema americano narrativo nos últimos anos seja a reabilitação de Gray como cineasta essencial (lembro-me no começo da década de ficar possesso com um dos críticos do Estadão, creio que o Zanin, por escrever que a única justificativa para The Yards estar em Cannes era o dinheiro dos Weinstein). Amantes tem um mundo mais estreito do que os de The Yards e We Own the Night a despeito de ser o primeiro filme não gênero de Gray (parte por ser mais interiorizado parte pelo universo dos imigrantes russos dos trabalhos anteriores dele ser registrado com mais riqueza que a família judia aqui) , mas o que importa aqui como sempre é a forma como Gray vai ao coração do drama central, a sinceridade com que ele capta Leonard e seu meio.

15) Vengeance (Johnnie To)

Comentado aqui dez dias atrás, sem me estender mais trata-se de outro filme notável de To cujo trabalho nos últimos 5 anos é irrepreensível.

14) Moscou (Eduardo Coutinho)

Coutinho realizou o único grande filme brasileiro de 2009 (apesar de eu ser fã de alguns outros como imenso número de brasileiros nas menções honrosas desta lista atestam) ao retomar seu processo de forma ainda mais essencial. É com se a cada filme Coutinho elimina-se mais e mais elementos em busca do seu filme perfeito.

13) Ervas Daninhas (Alain Resnais)

Resnais entre a encenação mais artificial e a observação mais realista.

12) Like You Know It All (Hong Song-soo)


Hong Song-soo passou a década realizando anualmente o mesmíssimo filme, variando e depurando seu mesmo conto eustachiano de tipos artísticos coreanos perdidos entre mulheres, bebida, amigos. Cedo ou tarde irá começar a receber as inevitáveis críticas à Tsai/Dardenne de que faz exatamente o mesmo filme, será tão injusto com ele como com estes cineastas. Like You Know It All parece exatamente o mesmo filme que Mulher na Praia, mas diante dele isto nunca importa.

11) Independência (Raya Martin)

A força da presença contra a beleza do picturalismo. O artifício do estúdio e as convenções do “cinema de arte”. Cinema social via o mais completo anti-naturalismo. Um pouco como Sternberg mergulhado na abstração invés do melodrama. Bem mais aparentado de algo como Inimigos Públicos do que alguns fãs de ambos gostariam. Longe de um filme de festival pois Martin confunde sempre.

7 Comentários

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7 Respostas para “Melhores de 2009 IV

  1. 2099? Vão Falar de Raya Martin em 2099?

  2. Tiago Superoito

    Independência antes de Amantes, Inimigos públicos, Ervas daninhas e Bastados inglórios é duro, hem. Mas ok. Gosto é gosto. Os textos estão ótimos. E vamos a Hurt locker, Religiosa portuguesa, Família Wolberg, 35 doses de rum…

  3. Julian

    Viva,

    não conheço nada do Jonhnny Too. Recomendas que comece por onde?

  4. Filipe Furtado

    Julian, recomendo tentar começar pelo The Mission. se não encontrar Eleição 1 e 2 e Exilados que sairam em DVD por aqui também sáo boas introduções.

  5. Filipe Furtado

    Fabio, tenho aqui em casa mas não vi. Tenho pouco interesse nos filmes que To faz para balançar as contas da Milkyway.

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