Para movimentar o blog e colocar disciplina na minha preparação para o artigo sobre a Kathryn Bigelow que estou preparando vou escrever um post diário sobre um filme dela até o final de semana que vem.
Este primeiro longa (co-dirigido com Robert Montgomery) poderia até ser descrito como um encontro entre The Wild One e Peyton Place se tal descrição não traísse de que se trata quase exclusivamente de um exercício intelectual. Uma série de elementos iconográficos dos anos 50 são reenquadrados de forma quase abstrata num quadro formalista. Bigelow e Montgomory são muito hábeis no uso de closes fetichistas que transformam até atores em objetos. Pode-se ver aqui a gênese do gosto da cineasta por uma superfície quase abstrata. Só que a câmera de The Loveless está bem mais a vontade filmando motos e maquinas de coca-cola do que atores. O filme agoniza em meio a sua inércia dramática cada vez que se volta para sua trama e seus motoqueiros-zumbi precisam existir como personagens (seria curioso entrevistar Willem Dafoe, que faz o protagonista, para saber se os diretores ao menos davam alguma instrução para alem de pose como se fizesse parte de alguma ilustração do período). Seria bem melhor como um curta de vinte minutos, mas como corretivo para os filmes nostálgicos do período só perde para Christine do Carpenter.