Existem duas genuínas boas idéias nesta nova comédia dos Coen: a primeira é a forma como tudo no filme deriva da mítica do espião, pouco importa que John Malkovich não passe de um relé analista, ele trabalha na CIA e logo sua figura desperta o fascínio de todos a sua volta (com exceção da esposa) e este fascínio que se torna a mola propulsora da trama. A outra é a forma como a segunda metade prossegue de maneira a subtrair um a um cada personagem da trama. Só que o filme é flácido demais para se sustentar. Apesar dos esforços consideráveis do elenco, ficamos com a impressão de que a nuvem de fracasso sobre seus personagens vai aos poucos contaminando todo o filme. Não deixa de ser oposto de Onde os Fracos Não Tem Vez: o filme anterior era uma maquina infernal tão perfeita que chegava a ser quase acadêmica, já este novo parece mirar uma variação cômica da mesma idéia mas permanece desacertado o tempo todo.
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Mostra Dias 1 a 3
Tulpan (Sergei Dvortsevoy,08) – ***
Funciona muito bem no seu encontro entre olhar documental e narrativa que vai aos poucos se impondo.
Queime Depois de Ler (Joel e Ethan Coen,08) – *
Os Coen de volta a irrelevancia da maior parte os últimos dez anos. A idéia inicial até é boa, mas a execução é um desastre.
Amigos de Risco (Daniel Bandeira,07) – ***
Irregular, mas tem muitos altos e a relação do filme com a cidade é muito forte.
O Canto dos Pássaros (Albert Serra,08) – *****
Honor de Cavallaria sugeria que Serra era um cineasta de talento, mas nunca imaginaria um segundo filme que alcance tamanha graça (no sentido mais mundano e mais religioso do termo). O Guilherme definiu, de forma muito divertida, como “o Gerry dos velhinhos malucos”, já eu tenho certeza que é um filme que pode tranquilamente ser mencionado no mesmo parágrafo que Francisco, Arauto de Deus. E em que lugar Serra encontra seus não-atores? Poderia ver dez horas dos três protagonistas não fazendo nada que o filme seguiria genial.
Tony Manero (Pablo Larrain,08) – **
Tem seus momentos, mas seu maior mérito é provavelmente se vender tão facilmente como “filme de festival”
O Silêncio de Lorna (Jean-Pierre & Luc Dardenne,08) – ***
Os últimos vinte minutos são desastrosos e o roteiro tem um sem número de truques fáceis, mas a maior parte do filme é um primor de precisão dramática.
O Poderoso Chefão (Francis Ford Coppola,72) – **
Estranho que precisei ver o filme no cinema para ter certeza de que não gosto dele.
Acácio (Marília Rocha,08) – ***
Tem muitos momentos fortes e várias boas soluções mesmo que o filme não fuja muito do que se espera de um filme que recaptura as memórias de um personagem
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