Belle Dormant (Adolfo Arrieta, 2016)

sleeping-beauty

Um ato de renovação das formas ficcionais. Um pequeno sopro de vida sobre bases bastante conhecidas. Arrieta encontra o digital, algo que ele já tateara em alguns curtas (Vacanza Permanente, Dry Martini). Retoma-se a bela adormecida, este mais revisto dos contos. Arrieta afinal sempre acreditou nas formas antigas, assim como sempre foi um artista que se recusa a parar no mesmo lugar. Aqui, o que se pretende é justamente uma ponte entre momentos, entre o clássico e contemporâneo. O maior conceito dramático aqui é que esta bela adormecida dormiu justamente o século XX, século do cinema, século da destruição da aristocracia europeia, em Arrieta essas duas ideias se complementam. O filme se move na mesma direção, carrega nos significantes deste tempo perdido e ao mesmo tempo a sua imagem chapada sobrecarrega essa existência digital. Qual o imaginário possível dessa nova imagem? O que sobra para ela quando passamos batido por este século XX. Filme radicalíssimo, filme de hoje. E tem um momento em particular em que o príncipe descobre que a fada (vivida pela filha do Pascal Bonitzer e o casting não me parece acidental) é uma fada e tenta toca-la que é tomado por um sentimento de encantamento que muitos dos nossos cineastas que tentam voltar o tempo (penso por exemplo, num James Gray), somente sonham em atingir.

1 comentário

Arquivado em Filmes

Uma resposta para “Belle Dormant (Adolfo Arrieta, 2016)

  1. Oi Felipe. Vejo que o blog esta mais movimentado. Fico muito contente com isso, serve como referência. Também te acompanho na cinética, mas, gosto do tom pessoal que tem o blog. Estou sempre por aqui.

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