Chegar por último em filmes que recebem discussões acaloradas como Azul é a Cor Mais Quente tem por vezes o efeito de te deixar completamente fora dela. Inevitável depois de que o filme acaba ficar com a impressão de que nada ali justifica as reações passionais. Me pareceu um filme de passagem de adolescência bem competente, mas bastante limitado. Centrado numa atuação principal muito forte e alguns momentos muito bem observados, mas diluído por um excesso de esquematismo (sobretudo na segunda metade) e na crença excessiva do Kechiche de que o estilo closes tremidos que sempre lhe agradou emprestasse uma espécie de força que não esta ali (apesar de aquela concentração de closes ter um interesse perverso). O filme é bem mais forte quando visto como uma experiência subjetiva do que naturalista algo que fãs e detratores parecem igualmente distantes. É território no qual a Catherine Breillat já minou com muito mais competência várias vezes, mas não consigo ver ali nenhum grande crime para além de ganhar a pior competição da história de Cannes (quão abismal foi à seleção de Cannes este ano? meu terceiro filme favorito dela foi também meu terceiro filme favorito do Takashi Miike este ano).