Eu teria muito mais respeito por Tudo Pelo Poder se eu acreditasse por um instante que George Clooney votará ano que vem num dos candidatos independentes americanos à esquerda dos Democratas, no lugar disso não só votará no Obama como provavelmente contribuirá mais grana a sua campanha do que a maior parte dos fãs do filme ganham num ano. Claro que Clooney faz o que bem entender, mas é um dado curioso porque reforça o quanto Tudo Pelo Poder é pouco mais que um exercício em cinismo. Espanta-me ver pessoas inteligentes apontando-o como um grande filme político quando na verdade é um dos filmes mais apolíticos do ano. Entendo plenamente a antipatia pela figura do político que leva a popularidade filmes como este (ou Tropa de Elite 2, para pegarmos um similar brasileiro), mas são raros os filmes como estes que tenham alguma idéia sobre política para além de propor um “não vote” ou “vote nulo” (e existe algo menos político do que isso?). Por todas as suas boas intenções (e eu até acredito nelas), o filme do Clooney tem o apelo e a contundência de um Reinaldo Azevedo.
Anotacões de um Cinéfilo 
Salve Filipe,
Eu até que gostei razoavelmente do filme. Não por ser político (nesse ponto fecho contigo, ele não é). Aliás, poderia ter sido um bom filme político, ou pelo menos um bom filme sobre política ou mesmo um filme potente sobre quem faz a política. Mas, pra mim, ele acaba sendo pelo menos um filme interessante sobre as relações humanas (quase sempre estreitas) desse meio. Acho que esse é o ato mais político do filme, e vejo nisso tanto sua fraqueza quanto sua força.
Abraço do leitor assíduo!