
A Chinese Ghost Story, de Wilson Wip
É sempre estranho quando você se coloca a frente de um objeto com qual você tem alguma afeição nostálgica. Esta semana assisti os remakes recentes do A Better Tomorrow do John Woo e A Chinese Ghost Story do Ching Siu-Tang, dois filmes bem significativos da minha adolescência. Curioso que pensando obre eles, eu não sabia disso à época, mas ambos eram também remakes. Nunca vi The Story of a Discharged Prisoner de Kong Lung que Woo refilmou (o filme até existe em DVD lá fora, mas inexplicavelmente sem nenhuma legenda) do qual sempre li comentários muito positivos, mas creio que The Enchanting Shadow seja um filme até melhor que A Chinese Ghost Story. Logo não existe muita justificativa para preciosismos da minha parte, mas não muda que refilmar estes filmes invade a minha memória afetiva.
Ver estes remakes torna impossível não ver um contraste de épocas. A Better Tomorrow e A Chinese Ghost Story (ambos não por acidente produzidos pelo Tsui Hark) são filmes bem significativos na afirmação da indústria de Hong Kong na segunda metade dos anos 80, estes remakes não deixam de ser exemplares do cinema industrial asiático contemporaneio. A Better Tomorrow (produzido por Woo) é um remake coreano que reimagina os irmãos do filme original como imigrantes norte coreanos. O diretor Song Hae-sung (cujos filmes anteriores, eu desconheço) aumenta consideravelmente o tom de melodrama da ação e parece bem incerto sobre como se relacionar com o filme antigo alternando tentativas claras de não retomar certas cenas com imitações pálidas. É um típico filme de gênero coreano eficiente, mas bem desinteressante e há momentos em que desconfio o penteado dos atores é a maior preocupação estética do diretor. Ao menos, Jo Han Sun se diverte muito como o vilão.
O remake de A Chinese Ghost Story tem a principio um atrativo maior por ser dirigido pelo Wilson Wip, a quem sempre tive muito interesse apesar de uma filmografia bem irregular. Infelizmente este filme novo está bem mais para mau Wip do que bom Wip. Se o filme dos anos 80 era uma tentativa de fazer uma versão espetáculo do filme do Han Hsiang Li, este novo quer fazer o mesmo com o filme anterior. Só que se o filme de 87 era um exemplo de uso criativo dos recursos disponíveis, o do Wip se afunda nos efeitos digitais óbvios. É também um filme bem típico de 2011 na sua decisão de complicar a própria mitologia e curiosamente perder no processo a força do gancho romântico que servia de base para o filme anterior. É génerico e comum em todas as maneiras que o filme de 87 era encantador.
Já ta preparando a lista de 2011?
É o evento mais esperado do ano…
A lista esta semi pronta hehe Escreverei os textos durante a semana. Dia 1o. deve ir ao ar.
Sem dúvida, evento do ano.