Toda vez que Eduardo Coutinho estréia filme novo relembro uma entrevista que ele deu a Contracampo a época do lançamento do Edifício Master (é uma das 5 melhores coisas que a Contra publicou, deveria ser relida por todos a cada novo filme dele) onde a certa altura ele fala da angustia sobre seus filmes futuros. A questão é que assim como Wiseman, Coutinho não tem tema, mas um método, e isto certamente é angustiante para o realizador diante de um novo trabalho. Edifício Master é meio que o ideal do cinema de Coutinho sequer finge que tem um assunto, só um espaço para unir as entrevistas. Todos os longas dele desde então meio que são a procura por desvios que destoem da pureza do Master: a história e mitologia dos metalúrgicos no Peões, a procura pelo filme em O Fim e o Princípio, as atrizes que expõe o dispositivo em Jogo de Cena, até Moscou que é mesmo uma interrupção completa no método apesar de ser uma extensão de idéias (Um Dia na Vida já e um outro objeto estranho). As Canções não tem nada disso. É o filme mais puro do Coutinho desde o Master, o uso das canções não deixa de ser um dispositivo aparentado as atrizes de Jogo de Cena, mas enquanto elas interrompiam radicalmente o documentário, as canções fluem muito mais naturalmente. A ausência da chacoalhada dada pelos desvios causa esta sensação de desgaste, expõe o processo como nenhum outro dele. Se Jogo de Cena era um filme que deixava explicito o como o cinema de Coutinho era sobretudo sobre o próprio processo, em As Canções só resta o processo. Daí certo cansaço que o filme sugere, mas daí também a sua segurança.
Ufa! Pensei que fosse mais um texto massacrando o filme. heheh
Não é como se o filme tivesse recebido muitas críticas.
Também tava esperando um massacre, haha.
Um filme inesquecivel.