Já circula a algum tempo a informação que Amanhecer entrara em cartaz em 1100 das 2200 salas do circuito exibidor brasileiro. É a segunda vez em não muito tempo que um filme toma cerca da metade do nosso circuito (Rio entrou em pouco mais de 1050). È estrarrecedor que um lançamento predatório destes seja encarado como normal. Irá matar a carreira de vários filmes que ainda tinham fôlego e empurrar Amanhecer para muita gente que só queria ver um filme neste fim de semana (o que eu diria inclui uma parcela grande das pessoas que vão aos cinemas). “Mas se lançam em tantas, é porque há demanda” os apologistas logo correm a dizer. Há mesmo? Ou nós simplesmente nos acostumamos com a idéia de que porque algum distribuidor resolveu investir a este ponto num lançamento, a demanda evidentemente existe? Amanhecer certamente fará numeros dos mais expressivos neste fim de semana, mas eu diria que parte razóavel deles não será de fãs da série, mas simplesmewnte de quem se viu carente de outras opções. Me lembro 10 anos atrás quando Pearl Harbor foi lançado (salvo memória com nossos grandes jornais destacvando seu lançamento recorde) que no ABC Plaza em Santo Andre o filme entrou em quatro salas, alguém lá teve a ideia de colocar dois pares de salas com horarios iguais, funcionou perfeitamente ao longo do fim de semana, mas fui ao cinema na terça feira e descobri que a sala havia fechado duas salas. Simplesmente não tinha porque usa-las já que evidentemente Pearl Harvor não lotava uma das salas horario quanto mais pedir por uma segunda, o shopping simplesmente ficou com 2 salas fechadas de segunda a quinta e aparentemente ninguem via nada de anormal naquilo. Imagino que fenomeno semelhante deve se repetir em alguns lugares com Amahecer, mas tudo bem segunda feira a distribuidora divulgara os numeros de imenso sucesso, os jornalões vão os reproduzirem acriticamente e nada mais sobrará do assunto.
O Zanin fez uma boa nota sobre o tema e lembrou que na Argentina recentemente se apravou uma lei que passa a taxar os filmes estrangeiros de acordo com o tamanho dos seus lançamentos; quando o Ministerio da Cultura apresentou a proposta da Ancinav (aquela que nossa mídia matou em meio a gritos histéricos que sugeriam que Gilberto Gil queria arrastar a nós todos para as trevas culturais), o mecanismo de taxação proposto era similar. Ao menos aqui em São Paulo resta sempre a retrospectiva do Nicholas Ray.
Não lembrava da existência desse filme até hoje,sexta, de manhã, quando fui ver quais filme haviam estreitado no cinema da minha cidade, e percebo que Amanhecer esta sendo exibido em pelo menos duas salas de cada cinema aqui, tem cinemas que estão exibindo em três. Espero estar apenas sonhado que estou em um filme de terror apocalíptico.
Segundo diz o Globo, sequer houve cabine para a imprensa aqui no Rio. Os caras querem fechar todas as brechas de risco mesmo!
oi, filipe!
queria fazer um comentário sobre essa lei na argentina, como o fiz no texto do zanin, já que há muitos desentendimentos sobre ela. sei nao se ela resolve muita coisa. a taxa é cobrada sobre os distribuidores, enquanto o problema (pelo menos aqui na argentina, e acredito que no brasil nao deve ser diferente…) está nos exibidores. sao os exibidores que travam o circuito enchendo as salas de blockbuster e recusando vários lancamentos. dá pra pensar até que a lei pode prejudicar as distribuidoras independentes responsáveis por um catálogo mais interessante e diversificado de cinema internacional (estavam estudando colocar essa ressalva na lei, mas ficou por isso mesmo). enfim, acho que atacaram o problema pelo lugar errado. falando em cinema nacional, com a cota de tela na argentina há uma obrigatoriedade de exibicao, e os tais exibidores colocam os filmes em horários ridículos e os cartazes escondidinhos para nao dar ibope mesmo e eles escaparem da ¨media de continuidad¨ (se um filme atinge um número mínimo de espectadores, deve seguir em cartaz), só pra nao perder a oportunidade de enfiar um blockbuster de retorno certo no lugar…
(desculpem o assassinato do portugues, estou em um teclado desconfigurado…)
abracos,
natalia
Valeu pelo depoimento Natalia. Aqui no Brasil frequentemente se age como se as coiss na Argentina fossem perfeitas então é bom ter este contexto.
Espero que esses vampiros não tenham nada a ver com o filme do Hellman — que não ia ser lançado esses dias?
O Monte Hellman já foi lançado em algumas cidades.