30) Um Dia na Vida (Eduardo Coutinho)
Depois que o dispositivo Coutinho se tornou progressivamente manjado, ele precisava nos confundir com um objeto tão estranho quanto esta colagem de imagens de televisão. È muito mais rico e interessante do que o “TV aberta é uma merda” ao qual foi reduzido, mas talvez seu maior valor seja justamente em dotar de valor cinematográfico imagens que sem ele jamais seriam encaradas como tal.
29) Beeswax (Andrew Bujalski)
Após três longas, os méritos e limites do cinema do Bujalski são mais que cristalizados. Bujalski oferece um olhar e ouvido dos mais atentos e como o espectador se sente a respeito destes valores por si só tende a balizar a sua relação a um filme com este Beeswax.
28) La Danse (Frederick Wiseman)
Um típico Wiseman beneficiado pela inevitável distorção do seu método diante de filmar por parte da sua duração performances que já são pensadas a priori como tal.
27) The Hole (Joe Dante)
De certa forma um típico “filme de fim de carreira” que a despeito de curiosamente ser rodada em TV sugere muito mais um thriller de ficção/horror do auge da popularidade de Dante. O último ato é um tanto literal demais, mas não encontraram muitos filmes de gêneros tão profissionais em especial na clareza com que Dante conduz tudo.
26) A Falta que me Faz (Marília Rocha)
Quando o Francis Vogner escreveu sobre o filme logo após sua primeira exibição em Brasilia reclamou sobre como o discurso entorno dele não conseguia escapar dos jargões teóricos, 12 meses e até uma passagem surpreendente pelo circuito depois pouca coisa mudou. O maior elogio que posso fazer A Falta que me Faz é que trata-se de um filme muito bonito e não porque as imagens do Ivo Lopes Araujo são muito bonitas (e muitas delas são), mas porque Marilia Rochae sua equipe acha o tom emotivo e de aproximação exato para as várias histórias daquelas garotas e isto vale muito mais do que qualquer discussão sobre “O documentário”.
24) Alamar (Pedro Gonzales-Rubio) e Sweetgrass (Ilsa Barbash e Lucien Castain-Taylor)
Falando em jargões estão ai 2 belos filmes semi-documentais que nos fascinam pela aproximação que exercem sobre duas sub culturas bem próprias: uma colônia de pescadores mexicanos em Alamar e a da condução de ovelhas para melhores pastagens na mudança de estação nos EUA em Sweetgrass.
23) Aurora (Cristi Puiu)
Todo o cinema de desdramatização contemporâneo revisto em formato épico. Menos bom que o Senhor Lazarescu mas de certa forma estágio final de todo um projeto de cinema romeno.
21) Kaboom (Greg Araki) e A Rede Social (David Fincher)
A primeira vista não poderiam ser filmes mais distantes, mas são duas divertidíssimas comédias jovens. São também dois filmes com uma relação curiosa com autenticidade. Apesar de todos os exessos da sua ficção pós-apocaliptica, Kaboom não deixa de funcionar como o documentário sobre o imaginário de um rapaz de 17/18 anos sexualmente ambíguo com excesso de idéias. Já toda a obsessão com detalhes que Fincher importou do seu último filme realista terminam só por reforçar como este filme sobre uma ferramenta de imitação de intimidade se dobra ele próprio como uma série de imitações de autencidade a começar pela muito elogiada atuação do Jesse Eisenberg que menos constrói um personagem e mais uma porção de tiques que flui de acordo com o meio social que ele esta inserido.
mais por curiosidade, esse filme The hole do joe dante, é aquele estilo chocante como the house of the devil do Ti west, ou mais terror adolescente como Pânico ou outros filmes desse estilo?
Leve.
Fiquei curioso por esse The Hole, do Joe Dante. Tem tanto tempo que eu não vejo nada dele! E o Aurora é ótimo, sem dúvida…
Um amigo meu do Canadá também fez essa aproximação entre Kaboom e Rede Social.
Tu viu o primeiro no cinema (Mostra) ou baixado?
O Kaboom? Festival do Rio.
O do Coutinho será que vai circular de alguma maneira ou ficará restrito a exibição única que teve na mostra de são paulo?
Teve uma exibição no Rio já também, imagino que haverá outras, mas sem divulgação.
Haverá outras, mas sem MUITA divulgação.