Mais que qualquer outro dos seus filmes recentes Vengeance nos diz muito sobre o porque Johnnie To é um grande cineasta. O filme não tem a graça de Sparrow, o olhar apurado de Eleição 2, a energia de Exilados ou a criatividade de Mad Detective. Claro que há um pouco de todas essas coisas (todos estes filmes tem afinal), mas é na superfície um filme mais genérico (a começar pelo nome), uma “reles” homenagem a Melville (cineasta que eu não gosto por sinal). Mas ali na história do homem que chega a Macau para vingar a família assassinada da filha, ele encontra algo que fala a ele de tal modo que o filme acaba alcançando uma potencia própria. Esta dedicação não deixa de existir em paralelo com a própria idéia principal do filme (o homem com uma bala na cabeça aos poucos perde a memória, mas segue propolado a cumprir sua missão). Podemos dizer que tudo em Vengeance é decalque (o uso icônico de Johnny Holyday, a relação de honra entre os pistoleiros, o peso da palavra empenhada, os tiroteios, o sacrifício, etc.) de que se trata só de um outro filme-filme, só que não é assim que To vê as coisas, o empenho dele é outro muito maior e porque ele acredita em Vengeance, por duas horas nós acreditamos também.