Tudo em Histórias Extraordinárias é grande. Dentro das suas três histórias surgem vários outros pequenos filmes e Lliñas vai colecionando idéias, situações e personagens suficientes para povoar uma dúzia de outros longas metragens. Trata-se de um filme que passeia com desenvoltura por uma infinita fauna de gêneros cinematográficos: thriller, melodrama, comédia, filme de guerra, road movie e sobretudo o filme de aventura. È um filme sobre narrativa realizado por alguém com um prazer enorme em contar causos. Quase como um filme de Raoul Ruiz feito com ambição wellesiana (apesar de lembrar bastante o Rivette dos anos 70 sem a fascinação pelos atores). È exaustivo sem dúvidas, mas jamais passa mais que alguns minutos sem que algo no filme maravilhe o espectador. È o prazer com que Lliñas constrói suas situações que cativa. Histórias Extraordinárias existe num universo paralelo ao de boa parte do cinema argentino recente (seja este bom ou mero embuste), pode-se até dizer que parece existir contra ele, mas é também o melhor filme de lá que veja desde As Luvas Mágicas do Martin Rejtman.