Trata-se do filme mais frustrante da cineasta na medida que seu méritos e defeitos são tão intimamente ligados. Na altura dos últimos vinte minutos quando Ron Silver se transforma no Michael Meyers yuppie munido de uma 44, Jogo Perverso abandona qualquer pretensão a narrativa, realismo e mais puro bom senso para se transformar num dos mais impressionantes delírios filmados do período. Poucas vezes se vê um filme dos últimos vinte anos que se relaciona tão perfeitamente com o que Raoul Ruiz descreve no seu Poéticas do Cinema como o filme B americano não-narrativo que lhe interessava na infância. Há de se respeitar o comprometimento do filme com sua visão e disposição de leva-la ao extremo. O problema é que em boa parte da primeira hora Jogo Perverso é pouco mais que um filme policia genérico com alguns elementos intrigantes, um tom perverso e uma inevitável impressão de que se trata de um filme muito burro feito por gente qualificada para material melhor. O filme todo está bem representado na atuação de Silver, durante uma boa hora se tem certeza que ele está pagando mico e depois tudo se justifica. Só que não importa quantas vezes se reviste o filme, sabe-se que os primeiros dois terços dele vão irritar.
Desculpem o atraso, mas vou tentar compensar ou com um segundo post esta madrugada ou com dois amanhã.
Esse daí também nunca me impressionou. Agora preciso rever o “Estranhos Prazeres” e conhecer o primeiro dela.