O filme do Christian Saghaard é incomum dentro do cenário brasileiro pela forma como mistura o fantástico dentro de um terreno banal. É um filme de terror urbano, mas não exatamente um filme de gênero. A idéia central – São Paulo como parque diversões de horror, que curiosamente acha ecos no clímax de Encarnação do Demônio – é forte o suficiente para conduzir o filme e, além disso, Saghaard tem a seu favor uma montagem muito boa e algumas ótimas sacadas. Saghaard sabe pegar o que a primeira vista seria uma típica situação do inferno paulistano e encontrar algo novo nela seja por algum detalhe ou pelo toque sobrenatural que envolve tudo. Termina lembrando bastante o lado mais pessimista do cinema marginal, mas ao contrário da maior dos filmes brasileiros lida muito bem com sua herança (talvez o filme seja junto com Conceição, os únicos filmes de cineastas da nova geração bem resolvidos com a história do cinema nacional). É verdade que o filme nem sempre se resolve completamente dentro de todo o seu peso e amargura, mas no processo extrai muita força da cidade.
Para os paulistanos fica a dica de que ainda passa no CCBB Sábado as 13h e Domingo as 19h. Vale muito a pena ser visto e até onde eu sei não tem previsão de entrar em cartaz.
Vi no CCBB, aqui em Brasília, na mostra “horror no cinema brasileiro”. Além dele, mais 25 filmes de diretores como Mojica, Cardoso (David e Ivan), Christensen… ao todo 12 diretores que trabalharam esse lado do horror, terrir, terror, vampirismo, psicoses, fantasmas, lobisomem…
Um filme atual, marginal, experimental e vou procurar conhecer outros trabalhos de Saghaard. O Fim da Picada é cinema de primeira, apesar de me parecer mais para festivais, mostras e salas especiais: Começa com o close de vagina….
brasileiro realmente não sabe fazer filme, principalmente de terror.