Mais que simplesmente um filme péssimo (e podem ter certeza de que eu preferiria passar um dia trancado numa sala de cinema revendo Austrália do que me sujeitar a uma revisão desta coisa), trata-se de um filme que expõe muito bem o fracasso de Mendes como cineasta. Não pelo mesmo tipo de inépcia que termina afundando um Baz Lhurman, mas por uma completa incapacidade de impor sobre o seu material um ponto de vista. Isto tudo porque a lógica que domina o olhar de Mendes é apresentar cada cena da forma que ele considera mais vendável para o público. O resultado é que a cada escolha Mendes sempre opta pelas saídas mais desinteressantes e óbvias possíveis (e infelizmente empurra seu excelente elenco, que poderia dar alguma credibilidade ao filme, pelo mesmo caminho). Peguemos uma cena próxima ao final do filme como exemplo: um casal recebe seus novos vizinhos e fofoca sobre outro casal de amigos até que o homem se afasta chateado. No livro em que o filme se baseia o sujeito esta irritado com a esposa por seguir revisitando a tal história, na versão de Mendes, esta chateado por conta da sua paixão pela a outra mulher. A questão não é de fidelidade ao material, mas de opções. Mendes sempre opta por realçar a “crítica aos subúrbios” que é afinal muito vendável, mas quando uma cena que se encaixa perfeitamente nesta leitura aparece, mas ele encontra uma outra embalagem ainda mais fácil, não consegue resistir. Termina com um filme bem ao gosto dos seus próprios personagens, o que neste caso não é uma boa idéia.
Não sei quem ainda aguenta esse negócio de crítica aos subúrbios. Como o Andy Levy disse lá no Big Hollywood:
After American Beauty and Revolutionary Road, I think it’s fair to ask: what the hell did the suburbs ever do to Sam Mendes?
Exagero Filipe.
E sobre a cena final descrita por você, não concordo. Não li o livro ainda, mas a sensação do filme, o incomodo do vizinho é sim pela mulher dele revisitar aquela história.
Mas enfim.
Abraço
O problema é que a enfase vai para como a historia afeta ele pela relação dele com Winslet e não só na irritação dele com a fofoca em si (o que faz bem mais sentido dentro da lógica de “vamos culpar os suburbios” da maior parte do filme).
Ouvi falar que esse “Foi Apenas um Sonho” era pra ser dirigido pelo Todd Field e estrelado pela Kate Winslet. O diretor pulou fora – não sei exatamente pq – foi filmar com a mesma atriz “Pecados Íntimos” e de temática pra lá de semelhante. Acho que o projeto permaneceu nas mãos da Kate, que viu uma boa chance de trabalhar junto com o maridão.
Pelo jeito q detonou “Foi Apenas um Sonho”, vc deve ter odiado “Pecados Íntimos”…
Bem, a minha critica ao Pecados Intimos na Paisa levava o famigerado mico hehe.
Até Winslet está apática nesse filme, além de não muito bem, em alguns momentos, com uma sutileza pra lá de exagerada.
quero muito ver esse filme. vi que seu blog tem 5 anos. parabéns! eu já mudei mais vezes de sistemas de blogs que vc. o meu tem 7 anos. beijos, pedrita