Eastwood menor e talvez por isso mesmo exponha de forma tão clara a falácia da idéia de que ele é alguma espécie de ultimo mestre do cinema clássico. Como exemplar de cinema narrativo à antiga A Troca seria um desastre até por ter tentar abarcar tanto material diferente que termine tendo seus problemas de foco e tom, mas como sempre não é isto que interessa a Eastwood. Agora como uma coleção de relações de poder cruéis e brutais o filme é bem expressivo. O filme todo parece existir em algum espaço entre Aldrich e Pialat, desequilibrado, mas impressionante. Eastwood faz excelente uso dos maneirismos de John Malkovich para balancear o filme, e os ecos do próprio Eastwood em algumas das inflexões de Jeffrey Donovan é uma ótima sacada.
Ainda não vi – mas e a atuação da Jolie, algum comentário?
O Eastwood majoritariamente controla ela, mas não é um dos pontos fortes do filme.
Um mau de filme de boas idéias, então?
Não um bom filme que calha em não funcionar na chave que se insiste em tentar encaixar Eastwood.
Amigo adorei teu blog…
Tbm tenho um blog de cinema… está interessado em uma troca de links???
Aguardo respostas…
Eu adorei o filme. Ainda estou remoendo, pensando nele antes de escrever alguma coisa, mas pra mim de menor não tem nada. Será que vc já não foi com um pouco de má vontade por causa do roteiro do Straczinsky, Filipe?
Cara, eu acho o filme bem bom e não tenho nenhum problema com o fato de ser escrito pelo JMS (de quem eu não gosto). O roteiro dele por tentar abarcar duas histórias (a da mãe e a do serial killer) que se encontram no mesmo evento, mas são bem diferentes colabora para esta impressão de que o filme tem problemas de foco, mas isto diz muito mais sobre o excesso de ambição dele, de um modo geral me parece um roteiro bem eficaz.
Agora è um filme muito distante de um Os Imperdoaveis ou Um Mundo Perfeito (ou mesmo de um Coração de Caçador ou Bird para ficar em filmes que estariam um degrau abaixo) e me parece um deserviço a todos estes filmes colocar A Troca no msmo patamar que eles (assim como O Inventor da Mocidade é ótimo mas não é exatamente um Rio Bravo). Se Eastwood fosse um Tim Burton, eu jamais escreveria que se trata de um filme menor.
Com relação ao Tim Burton, assino embaixo. 🙂
Agora, como não sou fã de BIRD. Em geral, me dá sono esses filmes sobre jazz, não sei explicar o porquê. Portanto, prefiro muito mais A TROCA. Acho que o filme transita muito bem pelas duas tramas paralelas e torna o trabalho um misto de melodrama com thriller dos mais eficientes que eu já vi.
Pois a acho que a mistura entre thriller e melodrama é bem desequilibrada, a ponto de os momentos melodramáticos presentes na trama policial serem muitas veze emocionalmente mais fortes que os momentos com a personagem de Jolie – e evidentemente o objetivo do filme era o contrário.
gostei do teu site! passarei por aqui sempre.
parabéns!
bj
pryscila
Filipe, a tua avaliação fica comprometida porque tudo que você diz sobre A TROCA tem mais referencial fora do filme do que dentro. Ou seja, você busca ali elementos que confirmem, na sua visão, a pecha de mestre dada a Eastwood, que elevem o filme a algum patamar próximo dos seus favoritos na filmografia dele, a características que supostamente o fazem ser um filme “sem foco”. Mas, pragmaticamente, não consigo entender aí o que você efetivamente pensa do filme como um trabalho em si mesmo. De meu lado, acho um Eastwood grandioso, um puta filmaço em quase todos os aspectos, e isso independente de um top-qualquer-coisa nos demais filmes dele.
Cara tudo que eu falei se vale da minha experiência direta vendo o filme do qual eu gosto bastante por sinal, ninguém precisa defende-lo para mim. Se o texto se centrou nos problemas é mais porque me parece um caso de estudo dos mais interessantes. E se a crítica existe ela esta menos focado no A Troca e mais numa certa apreciação crítica do Eastwood.
O filmes mesmo me impressiona como um catalogo de abuso de poder, que é o que justifica a opção de bifurcar a narrativa entre a mulher e o serial killer, e quando falo em catalogar penso não só na ação, mas especialmente nos gestos, assim como penso tanto na policial como no uso que Malkovich faz da história dela, etc.
O Jorge Coli na Folha de Domingo escreveu o que eu queria dizer.A Troca é um Sobre Meninos e Lobos com esperança.É genial e estimulante.