Esta ai um filme que ajuda a explicar como a carreira de Mulligan se transformou nos anos 70 depois de uma boa década como um cineasta de prestígio. Um conto paranóico de um pequeno gangster (Jason Miller) cujos negócios vão mal e que precisa desesperadamente fechar uma transação imobiliária. Nas mãos do seu ex-parceiro de Alan J. Pakula (cineasta medíocre, mas de muito mais sucesso de público e crítica à época) seria um filme muito mais inflado e com a paranóia do protagonista recebendo um peso simbólico muito clara. Ou seja, Pakula faria disto um filme muito mais importante. Já Mulligan se contenta em mover as peças de gênero enquanto realiza sua pequena tragédia particular de um homem visivelmente fora de sincronia com o universo a sua volta (algo com o qual o cineasta devia se identificar). Faz isso com atenção especial para seus atores (em particular Miller e Bo Hopkins como o cowboy que talvez seja um matador de aluguel) e para pequenos detalhes e locações. Ou seja, se o hipotético Jogos de Azar de Pakula (podemos pensar naquele vergonhoso A Trama feito na mesma época) nos seria entregue de cima para baixo, a tragédia de Mulligan parece vivida até o último instante seja na invenção, seja no clichê.
Cheguei a colocar essa mesma imagem como header do meu blogue 😀 ainda bem que mudei.
Pakula é tão ruim assim? Lembro de ter adorado ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA
… (apertei o enter sem querer)… continuando.. quando vi o filme no cinema, na época. Mas não conheço muito de seu trabalho, apesar da vontade de conferir o elogiado KLUTE.
Eu gosto muito de Klute. Não acho o Pakula pessimo cineasta nem nada, só acho que era na maior parte do tempo um burocrata não mais que eficiente. Me lembro de Acima de Qualquer Suspeita como um filme competente, mas nada demais.