A crítica habitual a figuras como Jean-Claude Van Damme é de que no fundo eles nunca estão atuando. Este não deixa de ser o ponto deste JCVD, um filme todo construído a partir da idéia de sinceridade e a possibilidade e impossibilidade dela num universo de mídia saturada. Este é tanto um filme muito simples e quanto recheado de recursos de duplos e distanciamentos. Talvez seja desapontador para muitos que o filme se estruture a partir de um assalto que deu errado, mas a situação permite El Mechri uma série de operações interessantes a partir da figura de Van Damme, assim como colocar o ator na posição de interpretar diferentes papeis para diferentes interlocutores que por sua vez tem olhares e expectativas muito diferentes a respeito do ator. As duas cenas-chave do filme – dois planos-seqüências bem longos – representam formas diferentes de lidar com a mesma idéia de autenticidade, na primeira uma elaborada seqüência de ação recheada por pequenos erros de marcaçãos mais tarde um monólogo de Van Damme sobre si mesmo. Há muitos filtros envolvidos em ambas as seqüências, mas todo o distanciamento autoral imposto por El Mechri termina servindo para reforçar a sinceridade do projeto.
Gostei da tua crítica! Estava ansioso para lê-la!