Federico Veiroj permanece um dos mais interessantes cineastas latino americanos muito por ser também um dos mais modestos. Belmonte assim como Acne, A Vida Útil e O Apostata, é um cuidadoso exercício de retrato. Há ainda menos eventos do que nos filmes anteriores, somente a figura do pintor Belmonte a lidar com seus sentimentos para com a filha e a ex-esposa gravida do novo marido, há ainda uma futura exposição para ocupar seu tempo, mas como Michael Sicinski bem observou na Cinema Scope este é o raro filme sobre um artista no qual a obra se revela secundária a sua família. Há uma ideia de enraizamento e desejo que contrastam bem com a virilidade da obra do pintor. O filme lembra sobre alguns aspectos Ramiro de Manoel Mozos exibiu na Mostra do ano passado, outro retrato de artista em chave menor mais preocupado com o seu ambiente e persona. Há um cuidado e imaginação nos momentos individuais que os valorizam e as cenas com a filha em especial tem uma observação bem próprias. O trabalho com cor também merece uma menção a parte especialmente pela forma com que consegue ser elaborado sem que o filme caia na tentação da composição excessivamente pensada para acompanhar a obra do personagem. Por último entre as muitas coisas a se elogiar sobre o cinema de Veiroj é que ele sabe ser direto e compacto, nada desperdiçado, Belmonte cumpre todos os seus objetivos em menos de 75 minutos.
Mostra (4): Belmonte
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