Primeiro longa de ficção do Terence Davies em onze anos, o que deve ser pelo menos nove a mais do que deveria, e um dos melhores também. Li muita gente sugerindo que o filme usava estratégias similares aos dos seus dois primeiros longas autobiográficos para material bem distante deles (no caso um melodrama sobre mulher que abandona o marido por um romance auto-destrutivo no pós segunda guerra). O que me veio a cabeça, porém foram as adaptações teatrais de Alain Resnais, sobretudo Melo, e a disposição delas de buscar drama em material antiquada e dispô-lo na tela da forma mais cinematográfica possível. Uma questão de achar a mise en scene certa para traduzir em cinema os sentimentos das três personagens centrais. Assim como estes filmes do Resnais, são filmes de um maneirismo ao mesmo tempo muito teatral e único do cinema. Não surpreende que o filme reduza todo o primeiro ato da peça a a cerca de seis minutos em que música substitui por toda os diálogos expositórios necessários para situar o espectador no drama ou que ele resolva o dilema da personagem no clímax num movimento de câmera. Davies afinal esta ali interessando tão somente em encontar uma verdade no drama mais antiquado que a principio este possa parecer.