É sempre complicado observar a crueldade da meritocracia da circulação de filmes não americanos. Os filmes anteriores de Jiang Wen (Os Demônios Batem na Porta, The Sun Also Rises) foram exibidos nas competições de grandes festivais europeus e circularam bem, este Let the Bullets Fly foi ignorado no trio Berlin-Cannes-Veneza (a despeito de imensa popularidade na China) e logo ignorado na maioria dos espaços. É essencialmente um faroeste spaghetti zapatista passado na China do começo do séc . XX (o que não deixa de ser uma forma de completar um ciclo histórico, vale dizer) com Wen como o bandido de boas intenções e Chow Yun Fat no papel que na Itália do começo dos anos 70 iria para Jack Palance. Antes de mais nada, é um excelente filme de atores (Wen, Fat, Ge You, Carinna Lau, etc) com longas seqüências pensadas para permitir que o elenco se confronte e há algo de espírito hawksiano na forma que Jiang valoriza cada uma dessas cenas. Poderia elogiar a farsa política que o filme propõe – que é as vezes um tanto obscura apesar do roteiro engenhoso -, mas o que torna filme de Jiang notável é como funciona como espetáculo. 2011 foi até aqui um ano terrível para o cinema popular e é um prazer ver um grande espetáculo tão eficaz, bem construído e encantadores quanto Let the Bullets Fly. Do assalto inicial ao trem até encontro final entre Jiang WEn e Chow Yun Fat , tudo aqui é envolvente e prazeroso coimo poucos filmes recentes.