Festival do Rio III

Com muito atraso a última parte.

Carancho (Pablo Trapero,10) – ***

Trapero retorna a trama policial nos suburbios de Buenos Aires quase 10 anos depois de El Bonarense. No meio tempo, ele se tornou essencialmente um cineasta comercial e uma forma de olhar para Carancho é justamente como esta revista. Por um lado, é um filme precisamente dirigido , de outro há um inegavel tom sintético na empreitada todo. O que redime Carancho é sobretudo o olhar de Trapero para os detalhes que garante a Carancho uma riqueza para alem da trama de redenção de um escroque que o filme apresenta.

Somewhere (Sofia Coppola,10) – ***

Evidencia maior até hoje de que Coppola é uma sensibilidade a procura de um filme (não é a toa que o unico filme muito forte dela fosse adaptado de material alheio). Há algumas cenas fortes (a do Rock Band é ótima por exemplo) e Dorff é um vácuo perfeito. Os últimos 5 minutos mais estúpidos de qualquer filme interessante que vi este ano.

O Senhor do Labirinto (Geraldo Motta,10) – *

Na Cinetica. Este filme ganhou a votação popular da Premiere Brasil, o Serra conseguiu ir para o segundo turno, de alguma forma estas duas catastrofes me parecem interligadas.

Boca do Lixo (Flavio Frederico,10) – **

Por parte da sua duração, Boca do Lixo faz bom uso do que sua trama de gangster tem de genérica e vaga sugerindo um mito paulistano bem particular, com o tempo passa a sugerir um beco sem saída estético.

O Olhar Invísivel (Diego Lerman,10) – **

Poderia se chamar “Um filme argentino”. Lerman filma tudo com muita habilidade e o filme tem momentos em que se sustenta muito bem como estudo de personagem, mas ao mesmo tempo sua alegoria torna o filme fechado demais no seu conceito e ao usar cada truque da Nova Onda, Lerman so aumenta a impressão de abstração.

Film Socialism (Jean Luc Godard,10) – ****

Ao longo dos ultimos 20 anos os filmes de Godard que me falam muito costumam ser os filmes “menores”, videos ou comissões pequenas, nas produções maiores como Elogio ao Amor ou Notre Musique, fico sempre com impressão de que o próprio Godard sofre de enfado quando lida com uma estrutura maior, em suma após o Nouvelle Vague, eu acredito que Godard se tornou o maior diretor de filmes caseiros do mundo. Menciono tudo isso para dizer que se Film Socialism não é um grande Godard, me interessa muito mais do que qualquer outro dos longas principais dele posteriores ao Nouvelle Vague.

A Vida Durante a Guerra (Todd solondz,09) – 0

Na Cinética.

Amigo (John Sayles,10) – **

Na Cinética.

Turnê (Matthieu Amalric,10) – **

Menos particular e interessante que os dos longas anteriores do Amalric. Um amigo me disse que achou que era o longa de estreia e realmente é o tipo de genérico de Cassavetes que se imagina de um filme de estreia de um ator.

Curitiba Zero Grau (Eloi Pires Ferreira,10)

Na Cinética. Depois da sessão propus que a Novos Rumos fosse rebatizada Velhissimo Cinema Brasileiro.

Ex Isto (Cao Guimarães,10) – ***

Na Cinética até a Mostra.

Armadillo (Janus Metz,10) – ***

Um crítico meu amigo assistiu Armadillo e não curtiu muito, chegou em casa descobriu que o filme na verdade era um documentário e não ficção e mudou de opinião. A história di muito sobre o filme. É um documentário sobre uma tropa dinamarquesa no Afeganistão montado e decupado seguindo uma lógica de ficção ao ponto de que realmente não é um absurdo que um espectador desinformado não se toque de que se trata de uma. É muito interessante (esta na Mostra e eu recomendaria que conseguir encaixar, veja), mas o limite dele é claro, seu interesse está todo no conceito.

A Autobiografia de Nicolae Ceausescu (Andrei Ujica,10) – ****

Na Cinética.

Scott Pilgrim contra o Mundo (Edgar Wright,10) – ***

Curioso como o filme meio que funciona como uma versão mainstream do filme do Gregg Araki. Como grande fã da graphic novel, é uma pena que Wright não considerou cortar um par de ex-namorados, passado a primeira meia hora o filme é corrido demais e os namorados sempre foram mais um gancho do que um fim.

6 Comentários

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6 Respostas para “Festival do Rio III

  1. Ex Isto é talvez o melhor filme do Cão Guimarães. Como ele me falou falou em Gramado: penso, logo “ex isto”.

  2. Desses, estou na expectativa pra ver Carancho, Somewhere, Turnê e o último do Godard (que certamente devo baixar, pois acho difícil que entre em circuito).

  3. Genial o comentário sobre “O Senhor do Labirinto”.

  4. Vlademir Lazo

    O do Godard está previsto para entrar no circuito no começo de dezembro, em algumas capitais pelo menos deve estrear.

    E o comentário sobre a Sofia explica porque As Virgens Suicidas é o melhor filme dela.

  5. Impressão minha ou fui citado duas vezes? 😉

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