Tony Manero a sua maneira não é muito diferente de um filme do José Henrique Fonseca (para ficarmos no cineasta mais sem talento da Conspiração) só trocando uma série de procedimentos tidos como publicitários por outros em voga no chamado cinema contemporâneo. Trata-se de buscar um impacto a qualquer custo. Qualquer força do filme se resume a plasticidade do miserável. A presença impressionante do Alfredo Castro sempre que Pablo Larrain coloca seu protagonista na posição de violência e do grotesco. Um olhar de reconstituição atento para o que existe de mais desagradável no Chile de 78 ajuda a manter a energia do filme. Todos estes truques – que revelam uma competência inegável – pouco escondem como Tony Manero se move no vácuo: sua única idéia que transcorre o filme todo é um paralelo tolo entre seu marginal patético e Pinochet, e nem este Larrain parece capaz de sustentar. Todo o esforço e impacto de Tony Manero servem para pouco mais do que vender Larrain como jovem cineasta ambicioso. Cinema de portfólio, em suma e não dos melhores. Há sociologia (para não falarmos de mise en scene) melhor em Os Embalos de Sábado a Noite, mas aquele era um filme de verdade realizado por alguém com um olhar, Tony Manero se basta como uma coleção de tiques.
Parece filme de encomenda. Pra festival.
Exato.
fiquei fã do blog. Resumiu tudo que penso sobre o “s”inema brasileiro.