Poucos momentos na carreira de Tsui Hark expõem tão bem a esquizofrenia entre o cineasta talentoso e o produtor picareta no centro da obra dele. O romance sobrenatural que parece dominar os interesses do Hark tem grande força com momentos de entrega delirante que não faria feio num filme de Vincente Minnelli. Só que o produtor Hark sempre muito esperto resolveu ancorá-lo num filme de terror oriental vagabundo. Se boa parte do material melodramático é forte (e faz bom uso dos elementos sobrenaturais), cada vez que o filme bate ponto criando uma cena de terror tende ao constrangedor. Há muitas seqüências fortes, movimentos de câmera elegantes e boas soluções, mas os cálculos excessivos do produtor Hark limitam bastante o seu impacto.
Eu nunca consegui gostar do Hark por causa disso. O cara tem um talento sobrenatural mas seus filmes, como um todo, quase sempre deixam muito a desejar. Uma pena. Se ele tivesse o mesmo equilibrio de um Johnnie To seria fabuloso.